Quadro fiscal terá transição para substituir prejuízos em educação e saúde
A nova regra fiscal terá um regime transitório para repor as perdas em educação e saúde após a entrada em vigor do teto de gastos, afirmou na noite desta terça-feira (21) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele também se manifestou em relação ao adiamento da apresentação da proposta para o início de abril. O ministro foi tranquilo sobre o assunto e acrescentou que os ministérios da área econômica já acertaram os “detalhes” solicitados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Estamos saindo de uma regra muito rígida, que tira muitos recursos da saúde e da educação. Precisamos imaginar uma transição para o novo quadro que inclua a reposição das perdas dos dois setores”, disse Haddad ao deixar o Ministério da Fazenda.
O ministro esclareceu que a lei complementar do novo quadro permite a criação do regime transitório sem necessidade de nova proposta de alteração à Constituição (PEC). Ele também prometeu simplicidade e transparência em relação ao novo quadro fiscal. “Nossa intenção é uma regra simples que pode ser seguida com muita facilidade”, destacou Haddad.
adiamento
Segundo Haddad, tanto a equipe econômica quanto a Casa Civil fizeram as últimas alterações e a nova minuta do projeto está pronta para ser reenviada ao presidente Lula. “Por que eu decidi (adiar a proposta)? Porque é preciso discutir um pouco mais”, afirmou. “Não precisamos ter a pressa que alguns do setor financeiro querem. Vou fazer o marco fiscal e quero mostrar ao mundo que tenho responsabilidade”, completou.
Sobre a divulgação da proposta para após a viagem oficial de Lula à China, o ministro afirmou que o adiamento permitirá que a equipe econômica esteja à disposição para explicar a proposta. “(A apresentação do projeto) deveria ocorrer após a viagem à China porque o presidente Lula queria que eu estivesse disponível ao longo do tempo, após a divulgação, à sociedade para esclarecimentos. Se a gente divulgasse muito sobre a viagem, eu não estaria lá”, justificou.
Vinculativo
Vincular receitas e despesas é um dos problemas que o governo tem que resolver na preparação do novo quadro fiscal. Além de vincular determinados tipos de receitas a determinadas despesas, a Constituição estabelece gastos mínimos com saúde e educação.
Antes do teto de gastos, os valores eram definidos de acordo com a receita corrente líquida do governo federal. Após o teto, os limites mínimos para saúde e educação passaram a ser reajustados anualmente pela inflação de acordo com o valor implantado em 2016. O governo entende que, como a nova regra fiscal anulará o teto de gastos, conforme previsto na emenda constitucional do a Transição, a regra que estava em vigor até o final de 2016 voltará a vigorar.
“A própria Constituição diz que, assim que entrar em vigor a lei complementar com o novo regime fiscal, a transição será automaticamente válida”, esclareceu Haddad.
Parcerias Público-Privadas
Além do arcabouço fiscal, do plano de contenção da dívida pública e dos gastos públicos no médio e longo prazos, o Tesouro prepara nova legislação para as parcerias público-privadas (PPP), projetos realizados com recursos do governo e da iniciativa privada. Apesar de informar nesta terça-feira (20) que a nova legislação de PPP seria apresentado juntamente com o novo quadroHaddad disse que caberá ao presidente Lula decidir se os dois textos serão enviados juntos ao Congresso.
“Pedi ao Tesouro e à PFGN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) a aceleração do marco regulatório das PPPs porque pretendemos apresentar um processo de aceleração do investimento, principalmente quando tiver o respaldo do setor público e privado. Isso nos dá conforto para alavancar os investimentos”, acrescentou.