Secretários estaduais de finanças discordam sobre autoridade tributária centralizada

A criação de um fisco centralizado foi tema de divergência entre os secretários de Fazenda do Pará e de Minas Gerais, no debate sobre a reforma tributária. Na ocasião promovida pela Entrada Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), nesta terça-feira (28), a unanimidade entre essas correntes foi a necessidade de aprovar a reforma.

Enquanto o consultor do Pará, René Júnior, defende que a criação de um fisco centralizado resultaria na falta de autonomia dos estados, o subsecretário de Minas Gerais, Luiz Claudio Gomes, defende uma empresa nacional que oferece com tributação. O secretário de Fazenda da Bahia, Manoel Vitório, também participou do debate e reconheceu que “a autonomia dos estados deve ser preservada”.

René Junior é favorável à implantação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), previsto na Proposta de Modificação da Estrutura (PEC) 110/2019, que tramita no Senado. O conteúdo textual transforma todos os impostos nas esferas federal, estadual e municipal em um único tributo, o ICMS. Para o secretário do Pará, será preciso ter leis nacionais para simplificar o sistema tributário brasileiro. No entanto, René Junior acredita que a criação de um fisco centralizado fere a autonomia dos estados.

“Não imaginamos {que uma} empresa nacional possa operar. Agora temos transações comerciais, notas fiscais com 100 objetos, é potencial, claro (a criação), porém o próprio Bernard Appy (secretário extraordinário de reforma tributária) acha que criar um sistema desses levaria no mínimo 3 anos. Acho que cada estado coleta seu pessoal, inspeciona seu pessoal. Isso fere a autonomia dos estados”, diz.

Em contraste, o secretário adjunto de Minas Gerais defende que, com a criação dessa “empresa de abrangência nacional”, estados e municípios conseguirão fazer parte da governança desse fisco e não dependerão de repasses da União . Luiz Claudio Gomes defende que o uso do IVA é apenas potencial se houver centralização e diz que não há falta de autonomia.

“Não imagino que falte autonomia. Autonomia é poder custear, poder fiscalizar. Nada disso nos falta. Portanto, a autonomia não é apenas um problema. Além disso, imaginamos que esse sistema proposto funcione apenas com uma autoridade tributária centralizada”, destaca Gomes.

sistema tributário brasileiro

O advogado tributarista Daniel Moreti explica que o atual sistema tributário brasileiro funciona com base principalmente em uma lógica de repartição de tributos entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Devido a isso, todo ente federativo tem autonomia para elaborar diretrizes tributárias.

Cada um dos 26 estados e o DF podem criar mecanismos para arrecadação e fiscalização do ICMS, tributo estadual. O mesmo ocorre no grau municipal em relação ao ISS. Nesse caso, os 5.568 municípios poderiam ter leis completamente diferentes, conforme Moreti.

De acordo com o sistema do Ministério da Economia, um imposto sobre valor agregado permite que as empresas paguem apenas sobre o valor adicionado aos serviços ou produtos. A pasta afirma que a unificação dos tributos traz mais transparência, pois incide sobre a renda bruta e nunca sobre toda a renda. Assim como, a simplificação da tributação com a adoção do IVA geraria maior efetividade no grupo de exercício financeiro, o que poderia estimular a concorrência entre empresas e clientes lucrativos.

Daniel Moreti exemplifica: “Pensa que você simplesmente compra uma lata de refrigerante que custa R$ 5. Sempre que você vai ao caixa, paga R$ 5 mais R$ 1 de imposto. O real é cobrado justamente sobre o valor superficial dos produtos, para que o contribuinte veja exatamente quanto vale e qual foi a carga tributária para aquela operação”.

Com informações de Brasil 61

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