Agência Brasil explica o que é um arcabouço fiscal

Agência Brasil explica o que é um arcabouço fiscal
Agência Brasil explica o que é um arcabouço fiscal

A estrutura fiscal é um conjunto de medidas, regras e parâmetros para a condução da política fiscal – controlando as despesas e receitas de um país. O governo busca, portanto, garantir credibilidade e previsibilidade para a economia do país.
Cidadãos, empresas e investidores precisam ter certeza de que as contas públicas estão sob controle e com regras claras. Isso porque a falta de controle fiscal resulta em aumento da dívida pública e, conseqüentemente, em altas taxas de juros e inflação.

Quando o governo gasta mais do que arrecada em impostos, ou seja, registra déficit, ele precisa se endividar mais, tomando dinheiro emprestado por meio da emissão de títulos.

A nova regra tributáriaanunciado nesta quinta-feira (30) pelo governo, vai substituir o teto de gastos que vigora desde 2016 e limita o crescimento das despesas ao ano anterior, corrigidas pela inflação oficial (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA).

Para controlar as contas públicas, sem precisar aumentar a já alta carga tributária, o governo criou um teto de gastos, mas ao “congelar” as despesas, a medida acabou sendo descumprida diversas vezes. Desde a criação do mecanismo, o limite foi ultrapassado pelo menos sete vezes.

No final do ano passado, a Emenda Constitucional de Transição permitiu a exclusão de até R$ 168 bilhões do teto de gastos deste ano – R$ 145 bilhões do novo Bolsa Família e até R$ 23 bilhões de investimentos federais, caso haja excesso de receita. .

Novas regras

Na nova política fiscal, haverá uma combinação de limite de gastos mais flexível que o teto de gastos com meta de resultado primário (resultado das contas públicas sem juros da dívida pública).

A nova estrutura fiscal limitará o crescimento das despesas a 70% da variação da receita nos últimos 12 meses. Ou seja, se no período de 12 meses, de julho a junho, o governo arrecadar R$ 1 trilhão, poderá gastar R$ 700 bilhões.

Dentro desse percentual de 70%, haverá um limite superior e um piso, uma faixa, para a oscilação da despesa, descontando o efeito da inflação.

Em tempos de maior crescimento econômico, as despesas não podem crescer mais de 2,5% ao ano acima da inflação. Em tempos de contração econômica, os gastos não podem crescer mais de 0,6% ao ano acima da inflação.

Para evitar o descumprimento da rota de crescimento de 70% das receitas, as novas regras introduzirão mecanismos de punição que desacelerarão os gastos caso a trajetória de crescimento das despesas não seja cumprida.

Se o resultado primário cair abaixo do limite inferior da banda, o crescimento das despesas do próximo ano cairá de 70% para 50% do crescimento da receita. Para não penalizar os investimentos (obras públicas e aquisição de equipamentos), o novo enquadramento prevê um piso para este tipo de despesa e permite que, caso o excedente primário fique acima do teto da faixa, o excedente seja utilizado em obras públicas .

A equipe econômica esclareceu que o limite de 70% é baseado em receitas passadas, não em receitas futuras estimadas. Dessa forma, os futuros governos, ou o Congresso Nacional, não poderão aumentar artificialmente as previsões de receitas para aumentar as despesas.

Confira os principais pontos do novo marco fiscal:

• Limite de crescimento das despesas primárias a 70% da variação da receita dos 12 meses anteriores
• Limite superior e inferior dentro desta faixa de aumento de receita de 70%
• Mecanismo de ajuste para evitar aumento de gastos em momentos de crescimento econômico e queda de gastos em caso de baixo crescimento
• Aplicação de mecanismos de punição. Se o resultado primário ficar abaixo do limite mínimo da banda, o crescimento das despesas para o ano seguinte cai de 70% para 50% do crescimento da receita.
• Promessa de zerar o déficit primário em 2024, com superávit de 0,5% do PIB em 2025 e 1% em 2026
• A meta de resultado primário terá banda de flutuação, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB para cada ano
• Superávit primário excedente acima do teto da banda pode ser usado para investimentos
• Promessa de que a dívida pública bruta aumentará ligeiramente até 2026 e depois se estabilizará
• Exceções apenas para despesas instituídas pela Constituição, como Fundeb e Piso Nacional de Enfermagem. Essas despesas não podem ser reguladas por lei complementar

Foto de © José Cruz/Agência Brasil
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