Governo vai propor nova política de preços para a Petrobras
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta quarta-feira (5) que a União, principal acionista e controladora da Petrobras, vai propor uma nova política de preços para a empresa com o objetivo de ajudar no “combate às perdas e aos solavancos inflacionários”.
“Vamos tratar isso com todo rigor, cuidado e sensibilidade social”, disse Silveira aos jornalistas, no Palácio do Planalto, após encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro, a ideia é que uma nova política de preços comece a ser discutida assim que todos os membros dos conselhos que dirigem a empresa tomarem posse, o que está previsto para o final deste mês.
“O que eu disse é que, na assembleia geral, que será realizada no dia 27, com a nova diretoria definida, tanto o Conselho de Administração quanto o Conselho Fiscal, a União, como acionista majoritário, e como acionista controlador da A Petrobras, vai, sim, discutir qual será a melhor política de preços, para a Petrobras cumprir sua função social, que está na Constituição, está na Lei das Estatais”, afirmou.
Mais cedo, em comunicado, a Petrobras reafirmou seu compromisso com a “prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado nacional”, evitando o repasse imediato de volatilidades externas, provocadas por agentes conjunturais, bem como oscilações cambiais. A nota foi uma resposta indireta às declarações do ministro em entrevistas.
OPEP
Alexandre Silveira defendeu um papel maior da Petrobras para evitar a alta volatilidade dos preços internacionais dos combustíveis, e citou a recente decisão dos maiores produtores de petróleo do mundo, reunidos em torno da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep).
“Não podemos (aceitar), por exemplo, que o cartel da Opep possa influenciar e esmagar o poder de compra dos brasileiros. E, portanto, o governo do presidente Lula terá uma linha muito clara, somos acionistas majoritários, respeitaremos a governança da empresa, sua natureza jurídica, mas seremos vigorosos na defesa dos interesses do povo brasileiro”, afirmou.
No início da semana, a Opep anunciou um corte na produção de cerca de 1 milhão de barris de petróleo por dia, depois que o preço do produto caiu para a faixa dos US$ 70. aumentar o preço do barril.
Derivativos
O ministro também defendeu investimentos no parque de refino de petróleo do país para aumentar a autossuficiência em derivados, principalmente gasolina e óleo diesel. Segundo Silveira, o Brasil importa atualmente 13% da gasolina e 25% do diesel consumido no mercado interno.
“Ou seja, teremos que nos tornar autossustentáveis na gasolina e, no médio prazo, na questão do diesel”, disse, referindo-se à necessidade de buscar a independência das oscilações internacionais de preços.
Silveira acrescentou que, para o governo federal, os custos de produção da Petrobras, que são delimitados em reais, não podem ser calculados em dólares, como é a atual política de preços da empresa. “A Petrobras produz em reais e não pode ter seu custo calculado em dólares. Isso não faz sentido no nosso governo”, disse.