Bancos vão entregar estudo sobre juros do rotativo do cartão
Os bancos vão entregar um cronograma de estudos ao governo e ao Banco Central (BC) sobre as causas dos juros altos do cartão de crédito rotativo, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de ontem (17). Ele se reuniu com representantes de instituições financeiras para discutir uma solução para as taxas dessa modalidade, que estão em 417,4% ao ano, segundo o BC.
Segundo Haddad, a primeira reunião, que durou cerca de uma hora, serviu apenas para traçar um diagnóstico do setor. O ministro prometeu apresentar em breve um estudo e o envolvimento do BC nas discussões.
“Tivemos quatro ou cinco CEOs (presidentes executivos) de bancos aqui, não só da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Vamos envolver o Banco Central nas discussões. Eles entregarão um cronograma de envio do estudo (para juros rotativos). Pedi agilidade, pediram para envolver o BC porque tem a regulamentação do produto”, disse Haddad após a reunião no Ministério da Fazenda.
Estiveram presentes ao encontro o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e o ex-deputado federal Rodrigo Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF). Eles estavam acompanhados de presidentes de quatro bancos: Octavio de Lazari (Bradesco), Milton Maluhy (Itaú-Unibanco), Mario Leão (Santander Brasil) e Cristina Junqueira (Nubank).
Segundo Haddad, a discussão não é simples porque o setor de cartões de crédito tem muitos atores envolvidos: “são muitos interlocutores: bandeira, vending machines, bancos e varejistas”.
Logo após a reunião com as instituições financeiras, Haddad foi ao Palácio da Alvorada, acompanhado do secretário-executivo do Tesouro, Gustavo Galípolo; e o secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, para encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Questionado se a reunião seria para entregar o texto do novo marco fiscal ao Congresso, o ministro apenas respondeu: “Vamos saber agora”.
Disposição
Do lado das instituições financeiras, apenas o presidente da Febraban falou aos jornalistas. Ele disse que a entidade está disposta a construir, com o governo federal e o Banco Central, soluções para reduzir os juros do cartão de crédito rotativo. Ele disse que será formado um grupo de trabalho, sem prazo para conclusão das análises.
“É importante atacarmos não só as causas da espalhar alta bancária, mas entenda as causas do alto custo do crédito. Não é hora de apontar caminhos ou discutir propostas. Os caminhos precisam ser discutidos após um diagnóstico correto”, declarou.
Mais cedo, Haddad havia afirmado que o governo pretende liberar, nesta semana, 14 medidas para estimular o mercado de crédito no brasil. Com a previsão de que o grupo de trabalho só inicie as atividades nos próximos dias, uma medida para o rotativo do cartão de crédito deve ficar para depois.
Segundo o presidente da Febraban, uma das sugestões a serem apresentadas pelas instituições financeiras será um novo marco legal para as garantias (bens e ativos que cobrem eventuais inadimplências), cujo projeto tramita no Congresso Nacional. “Um dos motivos das altas taxas de juros dos bancos é a baixa efetividade das garantias. Se o país tiver o Marco Legal das Garantias, daremos um passo importante para reduzir o custo do crédito”, disse Isaac Sidney.