OCDE apoia retomada do voto de qualidade do governo no CARF
A proposta de retomar o voto de desempate do governo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) ganhou apoio internacional. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) enviou uma carta de apoio à medida, anunciada pelo governo em janeiro como parte do embalagem para reforçar a coleção.
Segundo a OCDE, grupo que reúne as economias mais comprometidas com a modernização dos sistemas tributários, poucos países permitem o envolvimento do setor privado no julgamento administrativo de recursos tributários. Vinculado à Receita Federal, o Carf julga, na esfera administrativa, questionamentos dos contribuintes sobre a arrecadação de tributos.
“Até agora identificamos três jurisdições com graus variados de envolvimento de representantes do setor privado em recursos administrativos em matéria tributária, embora essa ocorrência seja rara na prática internacional. No entanto, nesses casos, os representantes do setor privado não parecem ter o mesmo papel decisivo no recurso administrativo que têm no Brasil”, destacou a carta, assinada por Grace Perez-Navarro, diretora do Centro de Política Tributária da OCDE.
Segundo a entidade, a carta foi escrita após reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e Perez-Navarro, no dia 6 de março. Enviada no dia 31 de março ao ministro da Fazenda, o documento só foi divulgado nesta quarta-feira (26).
De 2020, a Lei 13.988 concede vantagem ao contribuinte, geralmente empresas de grande porte, em julgamentos que terminem empatados no CARF. No início do ano, o governo editou uma medida provisória para devolver o voto de qualidade ao governo, mas o tema enfrenta resistências no Congresso e no Judiciário.
“Um retorno a esse processo (voto de qualidade) atenuaria as possíveis consequências negativas do modelo estabelecido em 2020 que foram discutidas acima. Tal não terá um impacto negativo nos direitos dos contribuintes porque estes continuarão a manter o recurso à fiscalização judicial independente, onde poderão impugnar, legalmente, a liquidação do imposto, bem como os impostos reclamados e as multas aplicadas.” a carta enfatizou.
Em fevereiro, o Ministério da Fazenda e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fechou um negócio encerrar parte das questões judiciais. O Tribunal de Contas da União (TCU) também recomendou a retomada do antigo modelo.
Após o fechamento do convênio com a OAB, Haddad disse que a retomada do voto de qualidade renderia R$ 50 bilhões ao caixa do governo.