Estabilidade e volatilidade definirão preços da Petrobras
O critério estabilidade versus volatilidade vai permear as decisões da Petrobras sobre alta ou baixa de preços, afirmou nesta sexta-feira (12) o presidente da companhia, Jean Paul Prates. Ele anunciou que vai falar sobre o preço na próxima semana, acrescentando que há chance de haver reajustes em alguns combustíveis.
O presidente da estatal deixou claro que não existe paridade internacional. “O que existe é o que se chama de paridade de importação. Continuaremos a seguir uma referência internacional e competitividade interna em cada mercado em que participamos”, disse Prates.
Ele garantiu que a Petrobras não perderá vendas nem deixará de ter o preço mais atrativo para seus clientes, que são as distribuidoras de combustíveis e gás liquefeito de petróleo (GLP). Prates lamentou a venda da BR Distribuidora para a iniciativa privada, o que, para ele, inviabilizou o contato entre a estatal e o consumidor final.
O presidente da Petrobras disse que outro critério que será observado pela empresa é o da atratividade para o cliente versus o que acontecia antes, que era a “abdicação absoluta das vantagens nacionais, abdicação da vantagem de ter uma refinaria aqui, ao lado do consumidor e do meu principal cliente, abdicando das vantagens de ter uma estrutura de escoamento e uma estrutura de transporte e ainda ter uma fonte nacional de petróleo e ter capacidade nacional de refino”. Tudo isso, segundo Prates, faz parte de um modelo de precificação de negócios, que a Petrobras vai discutir com mais detalhes na próxima semana.
primeiro trimestre
Prates comemorou os resultados da empresa no primeiro trimestre, quando os investimentos somaram US$ 2,5 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões em exploração e produção. Nos investimentos totais, destacam-se o desenvolvimento de grandes projetos que sustentarão a curva de produção nos próximos cinco anos. Entre elas está a construção de novas plataformas, além de aumentar os recursos para a revitalização do Campo de Marlim, na Bacia de Campos.
“É o maior projeto do mundo de recuperação de ativos maduros na indústria offshore (no mar). Com ela, vamos ampliar a produção, manter empregos e abrir uma importante frente de aprendizado e conhecimento para outros projetos semelhantes em todo o Brasil”, disse Prates.
Segundo Prates, um marco importante desse plano foi o comissionamento da plataforma FPSO Anna Nery, nos campos de Marlim e Voador.
Nos primeiros 100 dias de sua gestão à frente da Petrobras, Prates disse que a empresa voltou a colocar as pessoas em primeiro lugar, comprometida com a transição energética, valorizou o potencial de cada região do país, abriu novas oportunidades de investimentos para alavancar o Brasil. “Finalmente voltou a trilhar um caminho sólido rumo ao futuro, um futuro sustentável, sólido e inclusivo”.
Ele disse que, para isso, o pré-sal continua sendo o centro de receitas e geração de caixa da empresa, para garantir a energia necessária à sociedade brasileira. No primeiro trimestre, o pré-sal respondeu por 77% da produção total da Petrobras e bateu novo recorde de produção média mensal em fevereiro.
No primeiro trimestre do ano, a Petrobras registrou lucro líquido de R$ 38,2 bilhões, com o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) atingindo R$ 53,8 bilhões. Os resultados deixam o presidente da estatal otimista com o futuro. “Vamos continuar construindo uma Petrobras sólida, competitiva, sustentável, em sintonia com as demandas da sociedade, captando novas fontes e alavancando novos investimentos para o país. E isso é só o começo”.
mercado de gás
O Diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Sergio Caetano Leite, informou que a Petrobras continua revisando todo o seu portfólio de ativos. Esta revisão está alinhada com o processo de revisão do planejamento estratégico, à luz das mudanças no quadro nacional e externo. As conversas com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foram reabertas e seguem em ritmo normal, disse.
Sobre a Transportadora Brasileira Gasoduto Bolivia-Brasil (TBG), Leite disse que está incluída no processo de revisão patrimonial. Somente ao final da revisão do portfólio a Petrobras anunciará uma decisão, disse ela.
Na área de gás, o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Maurício Tolmasquim, disse que a Petrobras pretende fazer um choque de oferta, que será baseado em investimentos da ordem de US$ 5,2 bilhões em três projetos já aprovados e anunciados e alguns em construção (Rota3, para transporte de gás do pré-sal; BM-C-33, campo de gás condensado localizado na Bacia de Campos; e projetos em Sergipe). Os resultados são esperados a curto e médio prazo.
Além desses US$ 5,2 bilhões, Tolmasquim destacou investimentos de US$ 6 bilhões na exploração de petróleo e gás que vão gerar mais oferta. Outro plano é a participação, ainda este ano, nos processos de chamada pública abertos pelas distribuidoras para um contrato de fornecimento a partir de 2024. “A ideia é justamente atuar de forma competitiva e com entrega garantida”.
O diretor disse que a Petrobras vai avaliar, e atuar quando necessário, no mercado termelétrico, “porque há leilões de reserva de capacidade que a empresa pode eventualmente decidir entrar com termelétricas flexíveis, porque são fundamentais para a descarbonização do Brasil, ao fazer a cópia de segurança de usinas renováveis, como a eólica e a solar, que são intermitentes, ou seja, onde ocorrem interrupções”.
Foto de © Tomaz Silva/Agência Brasil