Apenas 0,88% das empresas brasileiras vendem para o exterior

Apenas 0,88% das empresas brasileiras vendem para o exterior
Apenas 0,88% das empresas brasileiras vendem para o exterior

Setor que está crescendo, mas precisa superar disparidades, tanto entre regiões quanto entre grandes e pequenos concorrentes. Esse é o perfil das 24.931 empresas brasileiras exportadoras, que representaram apenas 0,88% das empresas ativas no país em 2020.
Essa é a conclusão do estudo Perfil das Empresas Exportadoras Brasileiras, divulgado nesta segunda-feira (26) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O panorama revela a concentração das empresas exportadoras. Embora poucos, respondem por 15% dos empregos formais do país, com 5,2 milhões de trabalhadores.

Por se basear em dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), com defasagem de dois anos, o estudo abrange a situação das empresas exportadoras até 2020. Com a Rais 2023, que divulgará os dados de 2021, o MDIC pretende lançar uma nova edição.

As principais diferenças decorrem das disparidades regionais. As empresas exportadoras continuam concentradas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Em 2020, 42,8% das empresas brasileiras que venderam para o exterior estavam no estado de São Paulo. Em segundo lugar vem o Rio Grande do Sul, com 11,1%.

Ao comparar a relação entre o número de empresas e a participação do estado nas exportações, a disparidade aumenta. O estado de São Paulo concentra 20% das vendas externas, e o Rio Grande do Sul detém 6,7%. Por outro lado, Mato Grosso do Sul, cujas exportações são principalmente agropecuárias, tem apenas 0,7% das empresas exportadoras, contra 2,8% do valor exportado.

No caso dos estados agropecuários, uma das explicações é o fato de o estudo ter sido baseado no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da empresas comerciais, empresas que compram dos agricultores e processam as exportações. No caso da indústria extrativa mineral, pesa muito a forte concentração no mercado de empresas petrolíferas e mineradoras, que têm grande peso na balança comercial.

“Esse estudo é importante porque permite traçar políticas públicas para ampliar o número de empresas exportadoras e internalizar os benefícios das regiões exportadoras”, explica a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres. “Exportar faz a diferença para os funcionários da empresa. Quem exporta paga melhor e contrata mais mão de obra com nível superior em relação a outras empresas”, acrescenta.

barreiras

A expansão do setor exportador, no entanto, enfrenta entraves. Além das desigualdades regionais, o tamanho da empresa é um fator chave para uma empresa vender no exterior. Segundo o estudo, 84,5% das empresas não exportadoras têm até nove funcionários. Entre as empresas que vendem para o exterior, 26,5% têm de 50 a 249 trabalhadores; e 30,8%, de 10 a 49 trabalhadores.

Segundo Tatiana Prazeres, apesar da concentração na indústria extrativa (exportadoras de petróleo e minerais), o favorecimento de empresas de maior porte ocorre em todos os setores econômicos pesquisados. “As micro e pequenas empresas têm mais dificuldade para obter informações sobre o mercado externo e, muitas vezes, para desburocratizar. Isso gera custos”, analisa o secretário.

O setor em que atua também interfere em sua capacidade exportadora. Na média geral das empresas, apenas 1% tem chance de vender para o exterior nos primeiros dez anos de atuação. A probabilidade sobe para 4% na indústria de transformação e para 7,9% na indústria extrativa.

O entrave, constatou o estudo, ocorre principalmente na entrada de novos exportadores. Se uma empresa consegue vender para o exterior, a chance de exportar no ano seguinte gira em torno de 65%. “A barreira de acesso (a novas empresas) é alta, mas, superada essa barreira, é mais comum uma empresa exportar no ano seguinte”, destaca o secretário de Comércio Exterior.

Mercados

Quanto ao destino das mercadorias, o estudo constatou que, apesar da predominância total das exportações brasileiras para China e Estados Unidos, o Mercosul e a América Latina continuam sendo os destinos mais importantes. Em 2020, segundo os dados mais recentes, 61% dos exportadores brasileiros venderam seus produtos para países da América Latina.

Segundo o MDIC, dois fatores contribuem para esse resultado: a proximidade dos países e o baixo volume de barreiras tarifárias, principalmente entre os países do Mercosul. No entanto, quando se olha para o crescimento entre 2018 e 2020, os mercados maiores lideram, com crescimento de 24% no número de exportadores para a China, 21% para os Estados Unidos e 16% para a União Europeia.

Para o secretário de Comércio Exterior, o interesse nos maiores mercados consumidores justifica a importância da política externa na conclusão de acordos comerciais. “Os dados confirmam a importância do Brasil fechar acordos comerciais. Se quisermos expandir as empresas exportadoras, fechar acordos comerciais e reduzir as barreiras que nossos produtos enfrentam no mercado externo, precisamos negociar”, afirma.

Na avaliação de Tatiana Prazeres, o estudo é importante para traçar diagnósticos e fazer com que o governo incentive o aumento do número de empresas exportadoras, principalmente no interior do país. “As empresas que exportam são mais inovadoras, geram mais empregos e pagam melhores salários. Essa é a importância de promover o comércio exterior dentro do Brasil para internalizar os benefícios”, conclui.

Foto de © Reuters/Paulo Whithaker/direitos reservados
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