Arrecadação é recorde em abril e maio e chega a R$ 962,5 bilhões no ano
A arrecadação da União com impostos e outras receitas teve recorde em abril e maio e chegou a R$ 962,49 bilhões no acumulado do ano. O resultado representa um aumento real de 1,02%, ou seja, descontada a inflação, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (22) pela Receita Federal. É o melhor desempenho de arrecadação para o período acumulado, de janeiro a maio, da série histórica, iniciada em 1995.
Em abril, a arrecadação totalizou R$ 203,88 bilhões. Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve aumento real de 0,31%. Segundo a Receita, é também o melhor desempenho de abril e do primeiro quadrimestre da série histórica.
Em maio, a arrecadação totalizou R$ 176,81 bilhões, também o maior valor já registrado para aquele mês desde 1995. Em relação a maio de 2022, houve aumento real de 2,89%.
Dados completos sobre a coleção estão disponíveis em site da Receita Federal. As informações são divulgadas mensalmente, mas a greve dos auditores da Receita atrasou a divulgação dos dados de abril.
dados mais recentes
Em maio, em relação às receitas administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado foi de R$ 171,42 bilhões, representando um aumento real de 3,54%, enquanto no acumulado de janeiro e maio a arrecadação atingiu R$ 913,89 bilhões, um aumento real aumento de 2,44%.
O aumento é explicado, principalmente, pelo desempenho dos principais indicadores macroeconômicos que influenciam a arrecadação tributária e pela arrecadação de receitas previdenciárias e do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) – Renda do Capital.
Somente em maio, a receita previdenciária atingiu R$ 48,39 bilhões, com aumento real de 6,98%, devido ao aumento real de 4,38% na massa salarial. Além disso, houve aumento de 30% nas compensações fiscais com débitos de receitas previdenciárias em decorrência da Lei 13.670/18, que proibiu a utilização de créditos tributários para compensar débitos de estimativas mensais do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas.
No acumulado do ano, o resultado da receita previdenciária atingiu R$ 239,79 bilhões, aumento real de 7,20%. Esse item pode ser explicado pelo aumento real de 9,82% na folha de pagamento e de 32% nas compensações com débitos tributários.
O IRRF – Rendas de Capital totalizou arrecadação de R$ 7,42 bilhões em maio, com aumento real de 23,07%. Os resultados podem ser explicados pela elevação da taxa Selic (taxa básica de juros da economia), que influenciou a arrecadação dos rendimentos dos fundos e títulos de renda fixa. No mês, a alta desses itens foi de 9,37% e 59,32%, respectivamente.
No acumulado do ano, o IRRF – Rendas de Capital aumentou 37,39%, atingindo R$ 40,65 bilhões. Os aumentos nominais atingiram 41,24% nos fundos e 77,69% nos títulos de renda fixa.
indicadores macroeconômicos
A Receita Federal também apresentou os principais indicadores macroeconômicos que ajudam a explicar o desempenho da arrecadação, tanto no mês quanto no acumulado do ano. Entre eles estão a venda de serviços, com crescimento de 2,7% em abril (fator gerador da arrecadação de maio) e 5,31% no ano; e a massa salarial, que manteve crescimento de 8,75% no mês (15,46% no ano), em relação ao mesmo mês de 2022.
As vendas de mercadorias também cresceram 3,10% no mês e 2,28% no ano.
O valor em dólar das importações caiu 10,29% em relação a abril do ano passado e 4,70% no ano. A produção industrial contraiu 3,45% em abril e também recuou 1,36% no ano, na comparação com o período de dezembro a abril de 2022.
lucro corporativo
O resultado da arrecadação de maio foi influenciado por mudanças na legislação tributária e pagamentos atípicos tanto em 2022 quanto em 2023, com destaque para o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas . Segundo a Receita, ambos são indicadores importantes da atividade econômica, principalmente no setor produtivo.
As isenções concedidas no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e no Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) também influenciaram o resultado.
A receita de IRPJ e CSLL somou R$ 24,89 bilhões em maio, com redução real de 4,63% em relação ao mesmo mês de 2022. O resultado é explicado pela queda real de 11,05% na arrecadação da estimativa mensal das empresas. No cálculo por estimativa mensal, o lucro real é calculado anualmente, sendo a empresa obrigada a pagar o imposto mensalmente, calculado por estimativa.
No acumulado do ano, o IRPJ e a CSLL somaram R$ 229,60 bilhões, com queda real de 0,82%. Esse desempenho é explicado pelo crescimento real de 1,05% na estimativa mensal, de 12,20% no balanço trimestral e de 7,09% no lucro presumido, combinado com a queda real de 34,39% na declaração de ajuste do IRPJ e CSLL, relativa aos fatos geradores que ocorreu em 2022.
“Além disso, houve pagamentos atípicos da ordem de R$ 5 bilhões, principalmente por parte de empresas ligadas à exploração de commodities, de janeiro a maio deste ano, e 20 bilhões, no mesmo período de 2022”, informou a Receita Federal. Somente no mês de maio deste ano não houve recolhimento de receitas extraordinárias de IRPJ e CSLL. Em maio de 2022, houve uma arrecadação de 2 bilhões nesses itens.
Houve também uma arrecadação extra de imposto de exportação de combustíveis em maio deste ano, de R$ 1,02 bilhão, o que não aconteceu em maio de 2022.
No que diz respeito às isenções tributárias, somente em maio, a redução das alíquotas de PIS/Cofins sobre combustíveis resultou em isenção de R$ 3 bilhões. No ano, a isenção chega a R$ 17,25 bilhões. Já a redução das alíquotas do IIPI custou à Receita R$ 1,9 bilhão no mês passado e R$ 7,6 bilhões no acumulado de janeiro e maio.
“Sem considerar os fatores não recorrentes acima, haveria um crescimento real de 6,46% na arrecadação do período e de 4,87% na arrecadação do mês de maio”, informou a agência.