Arrecadação federal chega a R$ 158,99 bilhões em fevereiro

Arrecadação federal chega a R$ 158,99 bilhões em fevereiro

A União arrecadou R$ 158,99 bilhões em impostos em fevereiro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (23) pela Receita Federal. É o maior valor já registrado para os meses de fevereiro desde 2000. Na comparação com igual mês do ano passado, houve crescimento real de 1,28%, ou seja, acima da inflação, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No acumulado do ano, a arrecadação atingiu R$ 410,73 bilhões, representando um aumento acima da inflação de 1,19%. O valor é o maior desde 2000, também para o período acumulado. Os dados da coleta de fevereiro estão disponíveis em site da Receita Federal

A avaliação do chefe do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros, Claudemir Malaquias, é positiva e, para ele, os números indicam a retomada da geração de empregos. “Percebemos que o desempenho da atividade econômica continua sendo decisivo para o resultado da arrecadação. Neste mês de fevereiro, temos uma surpresa positiva no desempenho da massa salarial, o que significa que a atividade económica é acompanhada também por uma recuperação do nível de emprego”, afirmou, em conferência de imprensa.

Quanto às receitas administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado em fevereiro foi de R$ 153,03 bilhões, representando um aumento real de 1,14%, enquanto no acumulado de janeiro e fevereiro a arrecadação atingiu R$ 387,96 bilhões, aumento real de 1,76 %.

O aumento é explicado, principalmente, pelo crescimento do recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas. Segundo a Receita, são indicadores importantes da atividade econômica, principalmente no setor produtivo.

As isenções concedidas no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e no Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) também influenciaram o resultado.

lucro corporativo

A receita de IRPJ e CSLL somou R$ 30,83 bilhões, com crescimento real de 12,12% sobre o mesmo mês de 2022. O resultado é explicado pelo aumento real de 12,88% na arrecadação da estimativa mensal das empresas. No cálculo por estimativa mensal, o lucro real é calculado anualmente, sendo a empresa obrigada a pagar o imposto mensalmente, calculado por estimativa.

A Receita também observa que houve pagamentos atípicos de IRPJ e CSLL de aproximadamente R$ 2 bilhões, por empresas ligadas ao commodities (produtos básicos comercializados nos mercados internacionais), associados à mineração e extração e refino de combustíveis.

No acumulado do ano, o IRPJ e a CSLL somaram R$ 118,21 bilhões, com crescimento real de apenas 0,79%. Esse desempenho é explicado pelo crescimento real de 19,66% na estimativa mensal, 13,88% no balanço trimestral e 6,74% no lucro presumido, combinado com a queda real de 50,99% na declaração de ajuste do IRPJ e CSLL, relativa aos fatos geradores que ocorreu em 2022.

“Além disso, houve pagamentos atípicos da ordem de R$ 5 bilhões, principalmente por parte de empresas ligadas à exploração de commoditiesno primeiro bimestre deste ano, e 12 bilhões, no primeiro bimestre de 2022”, informou a Receita Federal.

As receitas extraordinárias foram compensadas por isenções fiscais. Somente em fevereiro, a redução das alíquotas do PIS/Confins sobre combustíveis resultou em redução de R$ 3,75 bilhões. No ano, chega a R$ 7,50 bilhões. Já a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) custou R$ 1,9 bilhão à Receita no mês passado e R$ 3,80 bilhões em janeiro e fevereiro.

“Sem considerar os pagamentos atípicos, haveria um crescimento real de 6,74% na arrecadação do período e de 3,56% na arrecadação do mês de fevereiro”, informou a agência.

Outros destaques

Outro destaque da arrecadação de fevereiro foi a receita previdenciária, que atingiu R$ 46,04 bilhões, com aumento real de 6,28%, devido ao aumento real de 8,52% na massa salarial. No acumulado do ano, o resultado chega a R$ 94,39 bilhões, aumento real de 7,47%. Este último item pode ser explicado pelo aumento real de 12,28% na massa salarial e pelo aumento real de 10,14% na arrecadação da contribuição previdenciária do Simples Nacional em janeiro e fevereiro deste ano, em relação ao mesmo período de 2022.

Adicionalmente, houve aumento nas compensações fiscais com débitos de receitas previdenciárias em decorrência da Lei 13.670/18, que proibiu a utilização de créditos tributários para compensar débitos de estimativas mensais de IRPJ e CSLL.

O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) – Rendas do Trabalho registrou arrecadação de R$ 14,08 bilhões em fevereiro, representando crescimento real de 12,11%. O resultado se deve aos aumentos reais na arrecadação dos itens Renda do Trabalho Assalariado (10,66%) e Aposentadoria do Regime Geral ou Servidores Públicos (33,07%) e queda na Participação nos Lucros ou Resultados (queda de 1,03%) . Em janeiro e fevereiro, valor chega a R$ 35,31 bilhões, alta real de 12,83%

O IRRF – Rendas de Capital arrecadou R$ 6,72 bilhões no mês passado, com aumento real de 27,03%. Somados janeiro e fevereiro, o valor chega a R$ 17,66 bilhões, aumento real de 44,65%. Os resultados podem ser explicados pelo aumento da taxa Selic (taxa básica de juros da economia), que influenciou a arrecadação dos rendimentos dos fundos e títulos de renda fixa.

indicadores macroeconômicos

É costume da Receita Federal apresentar também os principais indicadores macroeconômicos que ajudam a explicar o desempenho da arrecadação, tanto no mês quanto no acumulado do ano. No entanto, alguns dados não estão disponíveis devido à mudança na metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para calcular e divulgar os resultados da venda de bens e serviços e da produção industrial.

As informações já disponíveis são sobre a massa salarial, que mantém um crescimento expressivo de 14,78% no mês (18,76% no ano) de janeiro (fator gerador da arrecadação de fevereiro), em relação ao mesmo mês de 2022. em dólar termos, as importações caíram 6,05% em relação a janeiro do ano passado e 1,98% em 12 meses.

Foto de © Marcelo Camargo/Agência Brasil
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