Arrecadação federal chega a R$ 171,05 bilhões em março
A União arrecadou R$ 171,05 bilhões em impostos em março de 2023, segundo dados divulgados nesta terça-feira (25) pela Receita Federal. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, houve redução real de 0,42%, ou seja, descontada a inflação, em valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
No acumulado do ano, a arrecadação atingiu R$ 581,79 bilhões, representando um aumento acima da inflação de 0,72%. O valor é o maior da série para o trimestre desde 1995. Os dados da coleta de março estão disponíveis em site da Receita Federal.
Quanto à receita administrada pela Receita Federal, o valor arrecadado em março foi de R$ 165,91 bilhões, representando uma queda real de 0,07%, enquanto no acumulado de janeiro e março a arrecadação atingiu R$ 553,88 bilhões, aumento real de 1,21 %.
A queda é explicada, principalmente, pela redução no pagamento do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), que incide sobre o lucro das empresas. Segundo a Receita, ambos são indicadores importantes da atividade econômica, principalmente no setor produtivo.
As isenções concedidas no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e no Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins) também influenciaram o resultado.
lucro corporativo
A receita de IRPJ e CSLL somou R$ 33,64 bilhões em março, com redução real de 5,87% em relação ao mesmo mês de 2022. O resultado é explicado pela queda real de 23,79% na arrecadação da estimativa mensal das empresas. No cálculo por estimativa mensal, o lucro real é calculado anualmente, sendo a empresa obrigada a pagar o imposto mensalmente, calculado por estimativa.
No acumulado do ano, o IRPJ e a CSLL somaram R$ 152,70 bilhões, com queda real de 0,76%. Esse desempenho é explicado pelo crescimento real de 7,62% na estimativa mensal, de 15,81% no balanço trimestral e de 6,35% no lucro presumido, combinado com a queda real de 35,16% na declaração de ajuste do IRPJ e CSLL, relativa aos fatos geradores que ocorreu em 2022.
“Além disso, houve pagamentos atípicos da ordem de R$ 5 bilhões, principalmente por parte de empresas ligadas à exploração de mercadoriasno primeiro trimestre deste ano, e R$ 15 bilhões, no primeiro trimestre de 2022”, informou a Receita Federal.
No mês de março não houve arrecadação de receitas extraordinárias. Por outro lado, havia isenções fiscais. Somente em março, a redução das alíquotas de PIS/Cofins sobre combustíveis resultou em redução de R$ 3,75 bilhões. No ano, chega a R$ 11,25 bilhões. Já a redução das alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) custou R$ 1,9 bilhão à Receita no mês passado e R$ 5,70 bilhões em janeiro e março.
“Sem considerar os fatores não recorrentes acima, haveria um crescimento real de 6,26% na arrecadação do período e de 5,24% na arrecadação do mês de março”, informou a agência.
Outros destaques
Outro destaque da arrecadação de março foi a receita previdenciária, que atingiu R$ 47,06 bilhões, com alta real de 6,03%, devido ao aumento real de 11,62% na massa salarial. Além disso, houve aumento de 41% nas compensações com débitos de receitas previdenciárias em decorrência da Lei 13.670/18, que proibiu a utilização de créditos tributários para compensar débitos de estimativas mensais de IRPJ e CSLL.
No acumulado do ano, o resultado da arrecadação previdenciária chega a R$ 142,13 bilhões, aumento real de 6,99%. Este item pode ser explicado pelo aumento real de 12,07% na folha de pagamento.
O PIS/Pasep e a Cofins apresentaram, juntos, uma arrecadação de R$ 32,64 bilhões, representando uma queda real de 5,76%. Esse resultado deve-se à redução da arrecadação relativa, principalmente no setor de combustíveis (tendo em vista as isenções e alterações nas bases de cálculo dessas contribuições) e ao aumento de 10% no valor da compensação tributária.
As demais receitas geridas pela Receita Federal apresentaram arrecadação de R$ 3,67 bilhões, com aumento real de 37,60%. Esse resultado pode ser explicado pela arrecadação do programa de redução de contencioso, que totalizou aproximadamente R$ 1,2 bilhão no mês.
O Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) – Rendas do Trabalho registrou arrecadação de R$ 16,71 bilhões em março, representando uma queda real de 0,55%. O resultado se deve ao aumento real na arrecadação do Rendimento do Trabalho Assalariado (8,3%) e às quedas reais nas Aposentadorias do Regime Geral ou Servidores Públicos (queda de 14,66%) e na Participação nos Lucros (queda de 26,51%).
Já no acumulado de janeiro e março, o valor chega a R$ 52,27 bilhões, aumento real de 8,17% no IRRF – Renda do Trabalho.
Outro destaque no acumulado do ano é o IRRF – Renda de Capital, que soma R$ 24,58 bilhões de janeiro a março, alta de 43,06%. Os resultados podem ser explicados pela elevação da taxa Selic (taxa básica de juros da economia), que influenciou a arrecadação dos rendimentos de fundos e títulos de renda fixa. Somente em março, o aumento foi de 39,06% neste item, chegando a R$ 6,79 bilhões.
indicadores macroeconômicos
É costume da Receita Federal apresentar também os principais indicadores macroeconômicos que ajudam a explicar o desempenho da arrecadação, tanto no mês quanto no acumulado do ano. No entanto, alguns dados não estão disponíveis devido à mudança na metodologia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para calcular e divulgar os resultados da venda de bens e serviços e da produção industrial.
As informações já disponíveis são sobre a massa salarial, que manteve crescimento de 17,87% em fevereiro (fator gerador da arrecadação de março) em relação ao mesmo mês de 2022, e de 18,47% em 12 meses. O valor em dólar das importações caiu 0,10% em relação a fevereiro do ano passado e recuou 1,36% em 12 meses.