As últimas sextas-feiras mais tensas para o mercado financeiro
Na sexta-feira (7.2.2020) o dólar fechou no maior valor nominal desde a criação do real, sendo vendido a R$ 4,32. Só em 2020, até aquela data, o dólar já acumulava alta de 7,67%. Na ocasião do recorde, o Banco Central (BC) não tomou nenhuma medida para segurar a cotação.
Na sexta-feira (13.02.2020), após operar em alta no início do pregão e chegar a renovar sua máxima recorde intradia acima de R$ 4,38, o dólar recuou após o BC anunciar leilão extraordinário.
Caso o BC perceba uma disfunção no mercado ele vai atuar, mas isso pode até ter relação com recordes do valor nominal do dólar, mas a volatilidade excessiva e a euforia da alta da moeda norte-americana dá maior urgência para as aparições do BC.
Quando a infecção mundial por coronavírus mostrou-se suficiente para deixar o ambiente financeiro instável para ações em bolsa e a fala do Ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou a mudança de modelo econômico, abandonando o que prevalecia, ou seja, “juro na lua e câmbio baixo”, entendeu-se que o dólar mais alto seria considerado normal.
Numa operação de Scalpe Trade, por exemplo, em que o trade tender a considerar apenas o viés carregado de alta em função do coronavírus e do “efeito empregada doméstica” no dólar após a fala de Guedes e, ainda, posicionar-se e apostar na alta da moeda norte-americana sem levar em conta o que de fato e na realidade pode acontecer de repente com o dólar, vai “stopar” e se despedir mais cedo do mercado, ficando no prejuízo. No meio de uma intervenção extraordinária do BC, para tudo (Circuit Breaker) e quem estiver comprado, ficará no prejuízo, porque nem poderá sair (zerar posição).
Porém, quem observar os players, as pontas de atuação do BC e fazer uma leitura rápida e antecipada do fluxo de ordens (Tape Reading), surfará na ‘tsunami’ de baixa repentina promovida pelo swap do BC.
Na sexta-feira (21.02.2020) o dólar recuou e passou a operar em queda. Os grandes players começaram a realizar parte dos seus lucros com a recente alta que superou a barreira dos R$ 4,40 pela primeira vez naquela manhã.
O mercado parecia estar menos convicto na compra de dólar e sinalizava uma resistência no nível de preços em torno de R$ 4,40, acreditando ainda numa grande chance de ocorrer outra intervenção extraordinária do BC.
Até aquela sexta-feira (21.02.2020) o dólar já acumulava ganhos acima de 9% em 2020, mostrando ser um abrigo para a aversão a risco nos mercados globais, tendo em vista ainda a fraca recuperação da economia brasileira e espaço para a queda da taxa de juros. No acumulado de 2020, o dólar dispara 11,52% ante o real.
E por falar em disparada, nesta sexta-feira (28.02.2020) a moeda norte-americana já estava cotada acima de 4,50 reais na abertura do dia, superando qualquer resistência e subindo na mesma intensidade de disseminação do coronavírus, que já invadiu todos os continentes, trazendo ainda mais incertezas e rumores de uma recessão econômica global.
O BC oferta até 3,0 bilhões de dólares em linhas com compromisso de recompra para rolagem do vencimento 3 de março de 2020 e até 13 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento 1º de abril de 2020.
No caso do Contrato Futuro de Dólar Comercial, há a possibilidade do mercado negociar as expectativas futuras da moeda. As operações de rolagem, como são conhecidas, permitem a negociação de dois vencimentos mutuamente, sequenciais ou não, de um determinado contrato futuro, através da apregoação da diferença de preço existente entre os vencimentos e realizadas por investidores que desejam migrar suas posições para um vencimento mais longo devido à, por exemplo, falta de liquidez em determinados vencimentos. O fazem também quando desejam operar diferenciais de preços entre vencimentos, por acreditarem em arbitragem entre eles, ou, até mesmo, desejarem fazer especulação direcional.
A rolagem reduz o risco de execução ao permitir, em uma única operação, a negociação de dois vencimentos distintos, adiciona mais uma ferramenta de arbitragem de preço entre vencimentos e facilita para negociação de diferencial de preços.