Bancos lançam programa de prevenção à violência contra a mulher

Bancos lançam programa de prevenção à violência contra a mulher

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e entidades sindicais bancárias, como o Sindicato dos Bancários e Financeiros de São Paulo, Osasco e Região, lançaram nesta segunda-feira (10), na capital paulista, o Programa Nacional de Iniciativas para Prevenção da Violência contra a Mulher.
O projeto é uma reivindicação dos trabalhadores da categoria para combater a violência de gênero e a desigualdade entre homens e mulheres no trabalho. A iniciativa foi incorporada ao acordo coletivo do setor, como a Cláusula 86, que estabelece a realização de ações por meio de institutos de referência, contratados para a conscientização e prevenção da violência contra a mulher.

Os institutos Maria da Penha, Papo de Homem e Mee Too Brasil darão treinamento, consultoria e assessoria a representantes indicados por sindicatos e membros dos grupos técnicos de diversidade da Febraban.

“Para nós, essa cláusula sobre a questão da violência é importante. Mas, ao mesmo tempo, sempre traz uma tristeza. Tristeza por termos que debater, em pleno século 21, uma política de combate à violência contra a mulher”, destacou a presidente do Sindicato dos Bancários de SP, Ivone Silva.

“Queremos uma sociedade verdadeiramente igualitária. Que eu, como indivíduo, posso ser o que eu quiser, inclusive ocupando cargos que hoje são realmente muito masculinos”, completou.

Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), as mulheres ganham, em média, 21% menos que os homens no mercado de trabalho. Na categoria bancária, a desigualdade é mais profunda: a remuneração é 22,2% menor que a média dos colegas do sexo masculino. Em relação à raça, a remuneração das mulheres negras é, em média, 40,6% inferior à dos bancários brancos.

Canais de suporte

De acordo com o programa lançado hoje, as instituições bancárias se comprometeram a implementar canais de apoio para encaminhamento e tratamento, em sigilo, de questões relacionadas à violência contra a mulher. Assumiram também o compromisso de enviar um comunicado interno às lideranças e demais colaboradores com o objetivo de informá-los sobre a violência doméstica e as condutas a serem adotadas.

“Precisamos que a sociedade como um todo discuta a violência contra a mulher. Os números têm realmente mostrado a dura realidade das mulheres. Em 2021, a cada sete horas uma mulher sofria feminicídio no país. Em 2022, passou a ser a cada seis horas. Temos o desafio de não permitir que isso continue”, disse a Ministra da Mulher, Cida Gonçalves, que participou do evento de forma on-line.

“O feminicídio é um crime evitável. Podemos impedir que isso aconteça. Precisamos ter as medidas cabíveis e necessárias para que não sejam mortos”, acrescentou.

O presidente da Febraban, Isaac Sidney Menezes Ferreira, ressaltou que a violência contra a mulher não dá sinais de retrocesso e precisa de enfrentamento permanente. “A Febraban participa desse evento e o faz com preocupação e com a certeza de que o combate à violência contra a mulher deve ser perene e algo que envolve a todos. O avanço, infelizmente, da violência contra a mulher ainda é um problema social, eu diria crítico”, afirmou, em participação on-line.

“Estamos longe de ter sinais de regressão nesta situação. A orientação e o diálogo, portanto, nos direcionarão. Elas são fundamentais para a construção de relações de gênero mais igualitárias e também para que possamos promover as mudanças necessárias em relação a essa gravíssima situação de violência contra a mulher”, completou.

Segundo a Febraban, atualmente, 48% dos bancários são mulheres, enquanto no mercado de trabalho esse percentual é de 40%. Segundo a entidade, no setor, as mulheres ocupam cerca de 40% dos cargos de liderança, também superior à média do Brasil, que é de 35%.

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