Bolsa fecha no menor patamar desde julho após críticas do governo ao BC
As críticas do governo ao Banco Central (BC) deixaram o mercado financeiro um dia nervoso. A bolsa caiu mais de 2% e fechou no menor patamar desde julho. O dólar até começou o dia em baixa, mas inverteu o movimento e se aproximou de R$ 5,30.
O índice B3 Ibovespa encerrou esta quinta-feira (23) aos 97.926 pontos, com queda de 2,29%. O indicador até subiu no início das negociações, mas começou a cair ainda pela manhã e intensificou a queda durante a tarde, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizer que a taxa Selic (juros básicos da economia) está em 13,75% ao ano” não tem explicação” e que o Senado “vai ter que cuidar” de Campos Neto, presidente do Banco Central.
Esta foi a primeira vez em nove meses que o Ibovespa fechou abaixo de 100 mil pontos. O indicador está no menor nível desde 18 de julho do ano passado. A bolsa de valores brasileira entrou em choque com o mercado externo. Nesta quinta-feira, as bolsas americanas subiram depois que a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, prometeu medidas para garantir depósitos em bancos de cidadãos norte-americanos.
No mercado de câmbio, o dia também foi marcado por tensões. O dólar comercial encerrou a quinta-feira cotado a R$ 5,29, com alta de R$ 0,053 (+1,01%). A cotação começou o dia em queda, com a moeda norte-americana cotada a R$ 5,20, mas começou a disparar ainda pela manhã. A moeda norte-americana está na maior cotação desde o último dia 15, quando fechou a R$ 5,294.
Na noite desta quarta-feira (22), após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter mantido a taxa Selic em 13,75% ao ano, diversas autoridades se manifestaram. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerou “muito preocupante” o comunicado do Copom, no qual o Banco Central expressou incerteza quanto ao novo quadro fiscal e informou que poderá elevar novamente a Selic caso a inflação continue resistente.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, também criticaram a decisão do BC. Em entrevista com Agência Brasil esta quarta-feira, Costa classificou “insensibilidade com as pessoas” manutenção da taxa Selic no nível mais alto desde janeiro de 2017.
A partir de agora o Agência Brasil só fornecerá material sobre fechamentos de mercados financeiros em dias extraordinários. A cotação do dólar e o nível da bolsa deixarão de ser informados todos os dias.
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