Campos Neto: metas de inflação estão em linha com as de outros países

Campos Neto: metas de inflação estão em linha com as de outros países

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que, embora tenha falhado algumas vezes no cumprimento das metas de inflação, o Brasil segue uma trajetória semelhante à de outros países, mantendo-se “a maior parte do tempo dentro da banda”. Segundo ele, o país registrou “sete explosões em 24 anos”.
A meta de inflação tem um centro e uma faixa de tolerância. Por exemplo, no ano passado, a meta era de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, limite inferior de 2% e limite superior de 5%. No entanto, a meta foi superada porque a inflação encerrou 2022 em 5,79%. Para este ano, a meta central é de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual.

A afirmação de Campos Neto foi feita nesta quinta-feira (27), em sessão de debate no plenário do Senado sobre juros, inflação e crescimento econômico. “Vejo algumas questões, (segundo as quais) o sistema de metas no Brasil está fora de moda há muito tempo. Não é verdade. Ficou a maior parte do tempo na banda, com sete surtos em 24 anos”, disse o presidente da autoridade monetária.

“Quando olhamos para a situação do Chile, Colômbia e Peru, que têm sistemas de segmentação semelhantes, o número de vezes que a banda estourou foi muito semelhante ao do Brasil. Alguns outros países, obviamente do mundo desenvolvido, (o número foi) um pouco menor”, ​​acrescentou.

Segundo Campos Neto, o sistema de metas de inflação brasileiro tem “uma meta em queda”, que vem “meio caindo”, chegando a 3% em 2024, disse, lembrando que a meta é determinada pelo governo, cabendo ao Banco Central executá-la. de forma autónoma, em termos operacionais.

Também participaram da sessão de debates os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

razões

O presidente do BC reiterou as defesas que faz do sistema de metas. “Olhando para a literatura e estudando os casos, vemos que em alguns momentos houve um distanciamento do sistema alvo, por vários motivos.”

“Os mais comuns, porque consideram mais vantajoso trocar um pouco mais de inflação por crescimento. Esta é a razão mais comum para o descolamento do metasistema”, disse ele. “Há um segundo, que acredita que o fiscal não é tão relevante nesse tripé do sistema de metas, e que um fiscal um pouco mais solto pode ser testado. Foi o que aconteceu recentemente na Inglaterra, onde até o primeiro-ministro caiu após essa tentativa. Houve uma rápida reação do mercado e então (a tentativa) teve que ser abortada”, acrescentou.

“E há os casos de países emergentes mais conhecidos, como Argentina e Turquia, que passaram a ter um trade-off entre inflação e crescimento, com a visão de que você pode ter uma inflação maior e depois crescer. No final das contas, há mais inflação e menos crescimento”, acrescentou.

*Colaboração de Kelly Oliveira

Foto de © Lula Marques/ Agência Brasil
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