Centrais sindicais protestam contra taxa básica de juros de 13,75%

Centrais sindicais protestam contra taxa básica de juros de 13,75%

As centrais sindicais realizaram, nesta terça-feira (21), atos de protesto contra a taxa de juros definida pelo Banco Central (BC), que está em 13,75% ao ano.
Em São Paulo, o grupo se reuniu em frente à sede do banco, na Avenida Paulista, e fez um churrasco de sardinha. “A intenção é mostrar que juros altos engordam os tubarões rentistas, enquanto, para o povo, só sobra sardinha”, explicou, em nota, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres.

São Paulo (SP), 03/21/2023 - Trade Unions distribute sardines in protest against high interest rates in front of the Central Bank building, on Avenida Paulista.  Photo: Fernando Frazão/Agência Brasil
Força Sindical oferece churrasco de sardinha em São Paulo em protesto contra juros altos Fernando Frazão/Agência Brasil

Hoje o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) realiza a segunda reunião do ano para definir a taxa básica de juros da economia, a Selic. A previsão é de que o aperto monetário seja mantido com a Selic mantida em 13,75%, mesmo com pressão do governo federal para reduzir a taxa. A decisão do Copom será anunciada na quarta-feira (22).

Segundo a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que participou da mobilização, os atos também reivindicam a democratização do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf), que julga processos administrativos de grandes devedores. “Em geral, (o CARF) beneficia empresas sonegadoras, porque a maioria dos conselheiros são empresários”, diz a CUT.

Para Adriana Magalhães, do Sindicato dos Bancários de São Paulo, os juros altos atrasam o desenvolvimento social e são uma das principais causas da pobreza no Brasil. “Se o governo pagar juros de 13,75% sobre a dívida pública, vai faltar dinheiro para saúde e educação. Queremos sair dessa situação de miséria e pobreza que o governo Bolsonaro nos deixou.”

O ato de protesto das centrais sindicais também pede a saída do presidente do BC, Roberto Campos Neto, que foi indicado pelo governo Bolsonaro e tem mandato até dezembro de 2024.

“É um absurdo o que o Banco Central está fazendo com os trabalhadores, com o nosso país, jogando contra o nosso desenvolvimento e a retomada do crescimento. Por isso, realizamos manifestações em várias capitais do país”, afirmou, em vídeo nas redes sociais, o presidente da Força Sindical.

Also participating in the manifestation were representatives of the Central dos Sindicatos Brasileiros and the Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB), as well as members of popular movements.

A CUT registrou nas redes sociais que, além de São Paulo, foram realizados eventos em pelo menos três capitais: Fortaleza, Belém e Recife. Em live, transmitida pela central, o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, disse que a atual taxa de juros não estimula os investimentos no país. “Os juros nesse nível desestimulam o investimento na produção e incentivam o investimento no rent-seeking, quem vive de renda, que não gera emprego, não põe um grão de arroz e feijão no prato de ninguém”.

No evento em Recife, o presidente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Fabiano Moura, enfatizou que um dos objetivos da manifestação é mostrar à população o impacto dos juros altos no dia a dia, como na contratação de financiamento imobiliário, crédito para o agricultor familiar e nos preços dos alimentos e outros produtos. “Essa luta é fundamental para democratizar esse sistema que discute a questão dos juros no país, para que seja mais condizente com a realidade”, afirmou.

A Agência Brasil solicitou uma posição do Banco Central, mas não obteve resposta até a publicação do relatório.

* Artigo atualizado às 16h14 para adicionar informações

Foto de © Fernando Frazão/Agência Brasil
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