Cesta básica, indústria e impostos: entenda o que muda com a reforma tributária
Para se ter uma noção da complexidade do atual sistema, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) estima que 443.236 diretrizes tributárias foram criadas no Brasil entre 1988 e 2021. “Por causa dessa variedade de diretrizes, as empresas gastam cerca de R$ 181 bilhões por ano para manter pessoal, técnicos e equipamentos para acompanhar ajustes nas leis”, aponta pesquisa do grupo.
A redação que segue para avaliação dos senadores prevê que os 5 principais impostos sobre o consumo de produtos e serviços se transformarão em um único imposto: o Imposto sobre Bens Gêmeos (IVA). De um lado, IPI, PIS e Cofins, de competência federal, dão origem à Contribuição sobre Itens e Empresas (CBS). Alternativamente, o ICMS, cobrado pelos estados, e o ISS, recolhido pelos municípios, formam o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Empresas (IBS).
O deputado federal Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR) defende que a PEC 45/2019 reduzirá as contas de quem produz. “O imposto provavelmente será menor do que o cobrado atualmente, porque vamos acabar com todas as obrigações burocráticas acentuadas, deve reduzir o custo da papelada em 95%”, estima.
Alíquota e cesta primária
Por se tratar de uma Proposta de Modificação da Estrutura, o relator da matéria, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), determinou que o preço do ICMS seja fixado por meio de legislação complementar. É a partir dessa proporção que os brasileiros entenderão o quanto provavelmente haverá de imposto sobre os serviços. Cálculos preliminares de economistas chegam a algo em torno de 25%.
No caso de determinados produtos e serviços, a reforma tributária oferece um desconto de 60% no valor do IVA, incluindo educação, saúde, transporte público e produtos agrícolas. Já os objetos da cesta básica tiveram tributação zero. O registro das refeições contempladas com a isenção, porém, ainda será objeto de legislação complementar.
O especialista tributário Eduardo Araújo, presidente da Tax All Consultoria Tributária, dá detalhes de como isso pode funcionar. “Esta cesta de alimentação que provavelmente será criada, o impacto final para o cidadão é que o arroz, feijão, macarrão e diversas refeições que compõem a cesta básica de alimentação possam ter preço zero. Isso tende a gerar um produto mais barato para os moradores de baixa renda”, explica.
Diminuir custos para os negócios
O supervisor governamental de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, considera que a reforma tributária é um passo na direção da reindustrialização do país. Isso porque, para ele, o manequim proposto vai aumentar a competitividade do setor. “Devemos ter sempre um desconto dentro do negócio da ordem de 10% a 12% na tributação, muito provavelmente esse desconto vai ser repassado para os custos. Posteriormente, os custos industriais devem ser diminuídos”, comenta.
Atualmente, o empresariado brasileiro participa com 10% do valor agregado do PIB nacional e contribui com 30% dos impostos indiretos cobrados no país, segundo informações do IBGE.
Com informações de Brasil 61