Comissão do Senado aprova indicações para diretorias do Banco Central

Comissão do Senado aprova indicações para diretorias do Banco Central
Comissão do Senado aprova indicações para diretorias do Banco Central

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (4), a nomeação de Gabriel Galípolo e Ailton de Aquino Santos para as diretorias do Banco Central. Os dois foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, respectivamente, para os cargos de diretor de Política Monetária e de Supervisão do banco.
Galípolo foi aprovado por 23 votos a 2 e Aquino Santos por 24 a 1. Os nomes dos dois candidatos seguem para votação no plenário do Senado, que tem a palavra final sobre as indicações.

Formado em ciências econômicas, Galípolo foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Durante o sábado, ele disse que está aberto ao diálogo e terá pela frente o desafio de conciliar as políticas monetária e fiscal.

Galípolo enumerou uma série de medidas adotadas pelo ministério, como a elaboração do novo quadro fiscal e soluções para reduzir o déficit primário, e disse que elas vão gerar uma melhora significativa no ambiente econômico e afastar argumentos como o de que “o povo não cabem no orçamento” da União e que não cabe a um economista “impor o que entende ser o destino econômico” do país, sem considerar a “vontade democrática” dos eleitos.

“Durante muito tempo, acho que nós, economistas, usamos a necessidade da discussão técnica para tentar interditar o debate econômico ou econômico como espaço de vontade democrática ou debate público. Não cabe a nenhum economista, por melhor que seja, impor o que entende ser o destino econômico do país a despeito da vontade democrática e de seus representantes eleitos”, afirmou.

Galípolo também falou sobre a proposta de criação de uma moeda comum para o Mercosul e disse aos senadores que ela não pretende substituir as moedas nacionais, mas facilitar as relações de livre comércio e a interação econômica entre os países do bloco.

Não é a ideia de uma moeda que substitua as moedas nacionais, mas sim uma unidade de conta e um meio de pagamento que vai garantir a viabilidade e facilitar a relação entre esses países, explicou.

Supervisão

Questionado, Ailton Santos mencionou o desafio de supervisionar mais de 1.500 instituições financeiras no país e disse que manter a qualidade do trabalho exige recursos materiais, mas principalmente recursos humanos, ou seja, funcionários altamente capacitados. Segundo Santos, que é funcionário de carreira do banco, a área de fiscalização do BC vem encolhendo nos últimos 10 anos.

“Nesse período, o número de instituições aumentou 15%, os ativos do sistema financeiro aumentaram 255 em termos reais, os produtos financeiros tornaram-se significativamente mais complexos e novas atribuições foram delegadas ao Banco Central. Não houve aumento no número de servidores. Ao contrário, há 10 anos atrás tínhamos 1.100 servidores na área de fiscalização, hoje (o número) não chega a 650. Quase um terço destes podem se aposentar ou podem se aposentar ano que vem. A idade média da área fiscalizadora é em torno de 50 anos, padrão no restante do Banco Central”, afirmou.

Santos destacou que, paralelamente, há sérias assimetrias entre a remuneração dos servidores do BC e outros cargos da administração pública semelhantes aos da instituição. “Isso enfraquece a casa”, enfatizou.

Ele também citou as recentes crises bancárias nos Estados Unidos, com o Silicon Valley Bank e o Signature Bank, e na Europa, com o banco suíço Credit Suisse, para defender a liderança do BC na supervisão do sistema financeiro internacional.

“O Brasil, nesse campo, tem plenas condições de se manter na liderança, inclusive com participação efetiva nos processos de regulação e supervisão dos mercados financeiros globais, cada vez mais complexos, integrados e interdependentes”, acrescentou.

Apesar desse cenário externo, Santos destacou que as medidas adotadas pelo governo têm gerado um ambiente positivo, que já aparece nas projeções do mercado financeiro, como as do boletim Focus.

Ontem (3), o mercado financeiro aumentou a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país) para este ano pela oitava vez. Segundo projeção do Boletim Focus, o país crescerá 2,19% em 2023. Há uma semana, a previsão era de crescimento de 2,18%. Para o próximo ano, também houve alta na projeção do PIB para 1,28%, ante 1,22% na semana passada.

Para a inflação, o boletim manteve a trajetória de queda pela sétima semana consecutiva. Segundo o boletim, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano em 4,98%. Há uma semana, a projeção do mercado era de que a inflação ficaria em 5,06%. em 2023. Há quatro semanas, a previsão era de 5,69%.

“Esses movimentos demonstram o grau de confiança dos agentes econômicos e da população na gestão econômica do atual governo. Estou confiante de que estamos entrando no círculo virtuoso e que o Banco Central contribuirá para a consolidação de um cenário mais favorável para a economia e para a sociedade como um todo”, afirmou.

Foto de © Lula Marques/ Agência Brasil
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