Contas externas devem ter déficit de US$ 2 bilhões
A projeção do Banco Central (BC) para o saldo das contas externas piorou em 2023. A previsão de déficit nas transações correntes, que são compras e vendas de bens e serviços e transferências de renda do Brasil para outros países, passou de US$ 32 bilhões para US$ 45 bilhões.
A informação é de Relatório de Inflaçãopublicação trimestral do BC, divulgada nesta quinta-feira (29).
O aumento do déficit projetado decorre principalmente da redução do saldo comercial, de R$ 62 bilhões para R$ 54 bilhões, com queda no valor das exportações, de US$ 338 bilhões para US$ 335 bilhões, e aumento no valor das importações de US$ 277 bilhões para US$ 281 bilhões.
“A projeção do valor exportado para o ano reflete uma queda mais acentuada dos preços implícitos do que o esperado anteriormente, acompanhando a trajetória dos preços das commodities nos mercados internacionais. Essa redução em relação a 2022, já prevista no relatório anterior, deve ocorrer com maior intensidade, principalmente no caso de produtos básicos, como soja e óleo”, explicou o BC.
Por outro lado, haverá aumento no volume das exportações devido à safra recorde de grãos esperada para o ano, o que deve compensar apenas parcialmente a revisão negativa de preços. A projeção também incorpora um volume de exportação de produtos manufaturados e semimanufaturados acima do esperado.
Para as importações, espera-se quedas menos acentuadas de preços e volumes. Segundo o BC, a revisão reflete os dados mais recentes, que mostram uma leve recuperação nas importações das principais categorias.
O déficit esperado na conta de serviços foi mantido em US$ 36 bilhões, abaixo do registrado em 2022 (US$ 40 bilhões). “A perspectiva de redução em relação ao ano anterior reflete menores gastos com transportes, decorrentes da gradual normalização dos custos dos modais aéreo e aquaviário, além do menor volume de mercadorias importadas. Por outro lado, os gastos com viagens devem superar os observados no ano passado, já em patamar mais compatível com o observado antes da pandemia”, diz o relatório.
Para a conta de rendas primárias, a projeção do déficit foi levemente revisada para cima, com maiores gastos líquidos com lucros e dividendos. “Essas despesas continuam em patamar elevado, embora abaixo do observado em 2022, refletindo resultados favoráveis das empresas que possuem participação de não residentes em seu capital no primeiro trimestre de 2023, quando a atividade econômica surpreendeu, principalmente em setores menos cíclicos”, afirmou. ele explicou o BC.
Assim, a projeção de déficit de renda primária aumentou de US$ 61 bilhões para US$ 63 bilhões.
Investimento estrangeiro
Na conta financeira, foram mantidas as projeções de ingresso líquido em investimentos diretos no País (IDP), em valor superior ao déficit esperado para transações correntes e próximo da média observada na década anterior à pandemia. O IDP estimado em 2023 foi de US$ 75 bilhões.
Quando o país registra saldo negativo em conta corrente, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiar o saldo negativo é o PDI, pois os recursos são aplicados no setor produtivo e tendem a ser investimentos de longo prazo.
Para investimentos em carteira, a projeção foi revisada de saída líquida de R$ 5 bilhões para neutralidade.