Copom inicia segunda reunião do ano para definir juros básicos
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) iniciou hoje (21), em Brasília, a segunda reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. O órgão deve manter o aperto monetário com a Selic em 13,75% ao ano, mesmo com pressão do governo federal para reduzir a taxa.
Em declaração após a primeira reunião do Copom, em janeiro, o President Luiz Inacio Lula da Silva said que os juros altos atrapalham os investimentos e que não há justificativa para a Selic estar neste patamar no momento. O Ministro das Finanças, Fernando Haddad, defendeu maior coordenação entre a política fiscal e a chamada política monetária, a cargo do Banco Central, para conter a inflação.
Embora a taxa básica tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no maior patamar desde o início de 2017 e os efeitos do aperto monetário se fazem sentir no desacelerar da economia.
Segundo a última edição do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a taxa básica deve ser mantida em 13,75% ao ano, pela quinta vez consecutiva. A expectativa do mercado financeiro, porém, é de que a Selic encerre o ano em 12,75% ao ano.
Amanhã (22), no final do dia, o Copom anunciará a decisão.
Na ata da último encontro, em janeiro, a agência sinalizou preocupação com a deterioração das expectativas de inflação de prazos mais longos e não descartou a possibilidade de novas altas da taxa Selic caso o processo de desinflação não ocorra conforme o esperado. O aumento dos gastos públicos e as incertezas fiscais também podem fazer com que o Banco Central mantenha os juros altos por mais tempo do que inicialmente previsto.
Também em recente pronunciamento, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu a autonomia da instituição na definição da política monetária e disse que pensar em uma política monetária e fiscal de longo prazo é importante para o crescimento econômico sustentável.
Campos avaliou positivamente o pacote de medidas já apresentado pelo governo e tem boas expectativas em relação ao novo quadro fiscal que será apresentado pelo Ministério da Fazenda, substituindo o teto de gastos, que limita os gastos do governo à inflação do ano anterior.
Depois cai nos últimos meses de 2022, as expectativas de inflação vêm crescendo. Embora tenha apresentado variação negativa no último boletim Focus, a estimativa de inflação para 2023 está em 5,95%.
Em fevereiro, puxado pelo grupo educação, com os reajustes aplicados pelos estabelecimentos de ensino na virada do ano, o IPCA ficou em 0,84%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Como resultadoo indicador acumula alta de 1,37% no ano e de 5,6% nos últimos 12 meses, percentual inferior aos 5,77% verificados no período imediatamente anterior.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é utilizada na negociação de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia. É o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle. O BC atua diariamente por meio de operações de mercado aberto – compra e venda de títulos públicos federais – para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na assembléia.
Quando o Copom eleva a taxa básica de juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso afeta os preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem dificultar a expansão da economia. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas.
Ao reduzir a taxa Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, estimulando a produção e o consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os integrantes do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
meta de inflação
Para 2023, a meta de inflação que deve ser perseguida pelo Banco Central, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75% e o limite superior é de 4,75%. Para 2024 e 2025, as metas são de 3% para os dois anos, com o mesmo intervalo de tolerância.
No último Relatório de Inflação, divulgado no final de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária reconhece a possibilidade de superação da meta de inflação neste ano. No documento, o eu estimei é que o IPCA chegará a 5% em 2023. O próximo relatório será divulgado na próxima semana, dia 30.