Crédito deve crescer 7,6% neste ano, prevê Banco Central

Crédito deve crescer 7,6% neste ano, prevê Banco Central
Crédito deve crescer 7,6% neste ano, prevê Banco Central

O Banco Central (BC) prevê que o volume de crédito bancário crescerá 7,6% em 2023, ante previsão anterior de 8,3%, divulgada em dezembro do ano passado. A nova projeção continua indicando “um processo de desaceleração no ritmo de crescimento do crédito compatível com o ciclo de aperto monetário”.
A informação é de Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgada hoje (30). Segundo o documento, a queda na projeção foi determinada pelo crédito livre, que deve crescer 7,1%. A projeção anterior era de 8,6%.

O crédito livre é aquele em que os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. Já o crédito direcionado tem regras definidas pelo governo e é destinado, basicamente, aos setores habitacional, rural, infraestrutura e microcrédito.

No que se refere à pessoa física (PF), a expectativa de aumento neste ano para o estoque de crédito com recursos livres caiu de 9% para 8%. Segundo o BC, essa revisão incorpora o avanço da inadimplência e os altos níveis de endividamento e comprometimento de receitas.

A inadimplência (considerando atrasos superiores a 90 dias) foi de 6,1% em fevereiro, para pessoa física. O endividamento das famílias – relação entre o saldo de dívidas e o rendimento acumulado em 12 meses – ficou em 48,8% em janeiro. O comprometimento de receitas – relação entre o valor médio de pagamento da dívida e o rendimento médio apurado no período – situou-se em 27,1% em janeiro.

No caso do crédito livre para empresas, a projeção foi revisada de 8% para 6%, “já considerando o ambiente de maior aversão ao risco no curto prazo devido a eventos específicos relacionados a grandes empresas”.

A desaceleração do crédito livre foi parcialmente compensada pelo maior ritmo de crescimento do crédito direcionado. A projeção para esse segmento é de crescimento de 8,3%, ante estimativa anterior de 8%. A projeção para pessoa física é de 9% e pessoa jurídica, 7%.

“Os dados do mercado de crédito divulgados desde o relatório anterior ficaram abaixo do esperado, principalmente nos segmentos com recursos livres, o que contribuiu para que o saldo de crédito fechasse o ano de 2022 com crescimento interanual de 14%, abaixo da projeção de 15,1%. A queda no ritmo de crescimento do crédito em relação ao registrado em 2021, de 16,4%, refletiu o impacto do ciclo de alta da Selic e o arrefecimento da atividade econômica no final de 2022”, completou o BC.

contas externas

Nas contas externas, a mudança de cenário para o ano de 2023 ficou restrita às transações correntes. A projeção é de déficit menor nas contas, de US$ 49 bilhões para US$ 32 bilhões. Segundo o BC, a revisão decorre da reavaliação para cima da expectativa de saldo da balança comercial, de US$ 46 bilhões para US$ 62 bilhões.

A expectativa de déficit da conta de serviços foi mantida em US$ 36 bilhões, abaixo do registrado em 2022 (US$ 40 bilhões). “A perspectiva de redução em relação ao ano anterior reflete menores gastos com transportes decorrentes da gradual normalização dos custos dos modais aéreo e aquaviário e da redução do volume de mercadorias importadas. Os gastos com viagens, no entanto, devem aumentar em relação ao ano anterior, voltando a patamares próximos aos pré-pandemia”, diz o relatório.

Para a conta de receitas primárias, as despesas líquidas com juros devem aumentar US$ 25 bilhões em 2023, ante 2022, quando foram gastos US$ 19 bilhões. “No entanto, a redução dos estoques de títulos no exterior, refletindo os patamares mais elevados das taxas básicas de juros nos países desenvolvidos, limita o déficit dessa conta”, explicou o BC. Assim, a projeção de déficit de renda primária aumentou de US$ 62 bilhões para US$ 61 bilhões.

Na conta financeira, as projeções foram mantidas, com destaque para a expectativa de mais um ano com entradas líquidas de investimentos diretos no país (IDP) em valor superior ao déficit esperado em transações correntes e próximo da média observada na década anterior à pandemia. O IDP estimado em 2023 foi de US$ 75 bilhões.

Quando o país registra saldo negativo em conta corrente, precisa cobrir o déficit com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiar o saldo negativo é o PDI, pois os recursos são aplicados no setor produtivo e tendem a ser investimentos de longo prazo.

Foto de © Marcello Casal JrAgência Brasil
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