Disputa no Congresso não deve impactar regra fiscal, avalia Haddad

Disputa no Congresso não deve impactar regra fiscal, avalia Haddad

A tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso Nacional não deve ser impactada pela atual disputa entre Câmara dos Deputados e Senado Federal, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, a disputa gira em torno do rito de aprovação das medidas provisórias, e a nova âncora fiscal será apresentada como projeto de lei complementar.
“O problema que está acontecendo aí diz respeito às medidas provisórias. Isso aqui (do arcabouço fiscal) a gente está falando de uma lei complementar; reforma tributária, emenda constitucional. Tudo isso está fora do jogo. Outra coisa, podemos enviar leis com pedido de urgência constitucional, que também não haja polêmica entre Câmara e Senado”, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira (31), na capital paulista.

O ministro acrescentou ainda que a “polêmica” no Congresso ocorre em relação às medidas provisórias datadas de janeiro de 2023. A lei e a emenda constitucional também estão resolvidas.”

Haddad, que se reuniu hoje com líderes da indústria e do setor financeiro, afirmou que a recepção do novo marco pelos setores tem sido positiva. Ele voltou a dizer que a apresentação das novas regras fiscais é o início da recuperação das contas públicas.

“Acho que a receptividade foi muito boa em relação ao que foi apresentado ontem. Existem alguns detalhes que terão que ser considerados ao longo do tempo, que serão apresentados. Porque o chamado arcabouço, a regra fiscal, é só o começo de um trabalho de recuperação das contas públicas para ampliar nosso horizonte de planejamento e investimento”, afirmou.

sem novos impostos

O ministro das Finanças reforçou que não haverá criação de novos impostos nem aumento de taxas dos impostos atuais. Segundo ele, o governo pretende aumentar a arrecadação fazendo com que setores que hoje contam com isenções e benefícios fiscais passem a pagar impostos.

“Estamos falando do que, em Brasília, se chama jabuti, aquelas leis que foram sancionadas, muitas vezes, na calada da noite, que abriram espaço para abusos (fiscais) que, muitas vezes, foram amplificados por decisões administrativas ou judiciais, e que distorcem a competitividade da economia brasileira”, destacou.

“É o que a gente chama de patrimonialismo da economia brasileira, que é aquela economia do favor, do jeitinho, sempre entra alguém aí dando um jeitinho, pro seu próprio negócio, e a economia brasileira, de jeitinho em jeitinho , deteriora-se, como tem acontecido nos últimos anos”, acrescentou.

O ministro enfatizou que esse movimento nada tem a ver com o aumento da carga tributária, mas sim com a reparação e recomposição da base tributária, “para que possamos fazer frente às despesas relacionadas ao financiamento de programas sociais, de saúde e educação, sem abusar do interesse que se pratica hoje no Brasil”.

A nova regra fiscal, anunciado nesta quinta-feira (30) pelo governo, vai substituir o teto de gastos que vigora desde 2016 e limita o crescimento das despesas ao ano anterior, corrigidas pela inflação oficial (Índice Nacional de Preços ao Consumidor – IPCA). A nova estrutura limitará o crescimento das despesas a 70% da variação da receita nos 12 meses anteriores. A ideia é combinar um limite de gastos mais flexível que o teto de gastos com uma meta de resultado primário (resultado das contas públicas sem juros da dívida pública).

banco central

Na coletiva de hoje, o ministro Fernando Haddad voltou a criticar o alto patamar da taxa básica de juros, fixada pelo Banco Central, mas disse que está agindo para aproximar a autoridade financeira do governo. “Estou tentando, de minha parte, fazer o melhor possível para aproximar a autoridade do Banco Central do governo, para que ele (BC) se comporte como um órgão do Estado brasileiro, apartidário, que não se envolver na política, mas isso ajuda a construir um cenário econômico melhor para os investidores.”

“Meu papel, portanto, é prestar informações, tomar as medidas que me parecerem as mais adequadas do ponto de vista do governo para atender o que interessa à população brasileira, resguardar gastos sociais, investimentos sociais, que são muito importantes “, adicionado.

Na semana passada, por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selica taxa básica de juros da economia, de 13,75% ao ano.

Foto de © Fernando Frazão/Agência Brasil
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