Dívida pública sobe 2,95% em junho e se aproxima de R$ 6,2 trilhões
O baixo volume de vencimentos de títulos fez com que a Dívida Pública Federal (DPF) aumentasse em junho. Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (21) pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 6,014 trilhões em maio para R$ 6,191 trilhões em junho, alta de 2,95%.
Em maio, o indicador ultrapassou pela primeira vez a barreira dos R$ 6 trilhões. O Tesouro prevê que a DPF terá alta nos próximos meses. De acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no final de janeiro, o Estoque da DPF deve encerrar 2023 entre R$ 6,4 trilhões e R$ 6,8 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária Interna (em títulos) (DPMFi) aumentou 3,3%, passando de R$ 5,767 trilhões em maio para R$ 5,957 trilhões em junho. No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 145,326 bilhões a mais em títulos do que resgatou, principalmente em títulos prefixados. A dívida interna também aumentou devido à apropriação de R$ 44,93 bilhões em juros.
Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a correção dos juros dos títulos e incorpora o valor ao estoque da dívida pública. Com a taxa Selic (taxa básica de juros da economia) em 13,75% ao ano, a apropriação dos juros pressiona a dívida pública.
No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 151,145 bilhões em títulos da DPMFi. Com o baixo volume de vencimentos em junho, os resgates somaram R$ 5,818 bilhões. A diferença entre emissões e resgates foi a maior desde dezembro de 2020, quando o mercado financeiro começou a se recuperar da fase mais aguda da pandemia de covid-19.
No mercado externo, a forte queda do dólar em junho reduziu o endividamento do governo. A Dívida Pública Federal Externa (DPFe) caiu 1,8%, passando de R$ 246,78 bilhões em maio para R$ 234,04 bilhões em junho. O principal fator foi a queda de 5,43% da moeda norte-americana no mês passado.
Colchão
Após cair em maio, o colchão da dívida pública (reserva financeira utilizada em momentos de turbulência ou forte concentração de vencimentos) voltou a cair em junho. Essa reserva passou de R$ 1,053 trilhão em maio para R$ 983 bilhões no mês passado. O principal motivo, segundo o Tesouro Nacional, foi a elevada emissão líquida (emissões menos resgates) motivada pelo baixo volume de vencimentos em junho.
Atualmente, o colchão cobre 8,52 meses de vencimentos da dívida pública. Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,221 trilhão em títulos federais.
Composição
O baixo volume de vencimentos alterou a composição da DPF. A proporção de títulos indexados a juros básicos caiu ligeiramente, passando de 39,74% em maio para 39,52% em junho. O PAF prevê que o indicador feche 2023 entre 38% e 42%. Esse tipo de papel voltou a atrair o interesse dos compradores devido aos recentes aumentos da Taxa Selic, mas o percentual pode cair nos próximos meses devido às esperadas reduções dos juros básicos da economia.
A participação dos títulos prefixados (com remuneração definida no momento da emissão) aumentou de 26,17% para 27,04%. O PAF prevê que a parcela da Dívida Pública Federal corrigida por esse indicador encerre o ano entre 23% e 27%.
Nos últimos meses, o Tesouro voltou a lançar mais títulos prefixados, devido à diminuição das turbulências no mercado financeiro. Esses títulos estão em maior demanda em tempos de estabilidade econômica.
Com vencimentos baixos neste mês, a participação dos títulos atualizados pela inflação na DPF caiu ligeiramente, passando de 29,76% para 29,46%. O PAF prevê que os títulos indexados à inflação terminem o ano entre 29% e 33%.
Composto pelos antigos títulos da dívida interna indexados ao dólar e pela dívida externa, o peso do câmbio na dívida pública passou de 4,33% para 3,99%. A dívida pública atrelada à taxa de câmbio está dentro dos limites estabelecidos pelo PAF para o final de 2023, entre 3% e 7%.
titulares
As instituições financeiras continuam sendo as principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 29,2% de participação no estoque. Os fundos de investimento, com 24,3%, e os fundos de pensão, com 22,7%, aparecem a seguir na lista de devedores.
A participação dos não residentes (estrangeiros) caiu ligeiramente, passando de 9,6% em maio para 9,5% em junho. O percentual segue menor do que em fevereiro, quando a participação dos estrangeiros na dívida pública era de 9,8%. Os demais grupos respondem por 14,4% de participação.
Por meio da dívida pública, o governo toma dinheiro emprestado de investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca, compromete-se a devolver os recursos após alguns anos, com alguma correção, que pode seguir a taxa Selic (taxa básica de juros da economia), a inflação, o dólar ou ser prefixada (fixada antecipadamente).