É possível debater juros sem ameaçar autonomia do Banco Central, dizem economistas

É possível debater juros sem ameaçar autonomia do Banco Central, dizem economistas
Economistas ouvidos pelo Brasil 61 afirmam que é possível debater e até mesmo discordar do atual estágio das taxas de juros do país sem, com isso, retroceder na autonomia do Banco Central – responsável por definir a taxa básica de juros do sistema econômico, a Selic.

Ultimamente, o presidente Lula e membros do governo federal elevaram o tom de oposição ao Banco Central e ao presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Em alguns momentos, o Chefe do Governo se mostrou insatisfeito com a resolução do Bacen de manter a Selic em 13,75% e deu a entender que possivelmente avaliaria a autonomia do Banco Central após o término do mandato de Campos Neto, que termina em 2024.

De acordo com a professora de finanças do Ibmec, Fernanda Mansano, o governo Lula e o Banco Central estão atualmente em busca de objetivos completamente diferentes, o que significa que os confrontos entre cobertura fiscal e cobertura financeira são mais frequentes. “O Financiamento Central está o tempo todo no freio, de certa forma, enquanto o governo federal tem como meta estimular o sistema econômico por meio de gastos públicos. Para ampliar os gastos públicos, quer baixar os juros.”

Lula foi eleito com a promessa de acelerar os gastos públicos no espaço social e financiar a infraestrutura, por exemplo. Mas com taxas de juros excessivas fica mais difícil manobrar o sistema econômico, o que afeta o progresso e a reputação do governo federal. No entanto, o Banco Central tem que fazer a inflação, atualmente em 5,77%, convergir para a meta, que é de 3,25%. Essencialmente, a técnica mais usada para isso é fazer uso de taxas de juros maiores.

Entre os economistas, há quase um consenso de que o nível atual de curiosidade é excessivo, mas não que diminuí-lo agora ou que revisar a autonomia do Banco Central sejam opções satisfatórias.

De acordo com a economista Deborah Bizarria, a independência do Bacen deve ser preservada, pois dificulta a interferência política na definição das taxas de juros, que devem ser pautadas por resolução técnica. “A permanência da autonomia do Banco Central significa que o Brasil está avançando no encantamento dos estabelecimentos, erradicando ou, no mínimo, blindando esses estabelecimentos da ingerência político-partidária”, diz ela.

A autonomia do Bacen serve para evitar medidas equivocadas de governos de esquerda ou de direita, diz Bizarria. “Perto da eleição, as autoridades de Bolsonaro fizeram grandes greves no espaço de cobertura fiscal para ampliar gastos e conceder vantagens com o intuito de assegurar algum estágio de reconhecimento para facilitar sua reeleição. Se, junto com esses instrumentos, tivesse o dispositivo da taxa de juros, teríamos um desequilíbrio bem maior na cobertura financeira e, presumivelmente, estaríamos lidando com uma inflação maior agora”, acredita.

Instituída em fevereiro de 2021, a autonomia da instituição financeira central completou dois anos em fevereiro. Assim como ocorre em outras economias superiores ao Brasil, como Estados Unidos, União Européia e Japão, um Banco Central não subordinado ao governo federal é construtivo, diz Mansano.

“É elementary que a instituição financeira central mantenha sua autonomia para não cairmos no que chamamos de domínio fiscal. O que é dominância fiscal? É a Instituição Financeira Central não ter capacidade para realizar a sua cobertura financeira; não tendo a capacidade de atingir seus objetivos, que é o gerenciamento da inflação”.

O deputado federal Evair Vieira de Melo (PP-ES) afirma que a autonomia da Central Financeira é uma marca dos países desenvolvidos. “Assim é no mundo severo e assim deve ser no Brasil”, acredita.

O parlamentar, que foi um dos muitos articuladores da regulamentação que garantiu ao Bacen sua independência em relação ao governo, diz que o estabelecimento não deve se dedicar apenas ao mercado monetário, mas à estabilidade financeira do país.

“Nossa Central Financeira tem respeito e credibilidade mundial, porque mesmo durante a pandemia cumpriu seu dever e, ao lado do ministro Paulo Guedes, o Brasil conseguiu fazer uma transição econômica no segundo mais importante. A instituição financeira central não deve ser exclusivamente responsável pelo setor monetário. Quando ele vende com taxas de juros e inflação, ele oferece, na cadeia produtiva, o valor do dinheiro”.

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Com informações de Brasil 61

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