Eletronuclear retoma o Plano de Aceleração da Linha Crítica de Angra 3
A Eletronuclear está retomando o Plano de Aceleração da Linha Crítica da Usina Angra 3, informou, nesta quinta-feira (20), o presidente da estatal, Eduardo Grande Tribunal.
“As pessoas já começaram a trabalhar – conseguimos uma liminar para levantar o embargo imposto pela prefeitura e estamos no início de uma retomada, trabalhando com a empresa Ferreira Guedes, que venceu a licitação. Esta é a primeira etapa do projeto”, disse Grand Court Agência Brasil.
Ele destacou, porém, que a grande retomada da obra só ocorrerá quando for lançada a licitação internacional para a contratação do epecista, que é projetista, fornecedor e construtor, simultaneamente. Segundo o Tribunal Superior, essa etapa depende da modelagem que está sendo feita pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e que determinará os investimentos necessários e a melhor forma de retomar o empreendimento como um todo.
O estudo terá que ser submetido ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e ao Tribunal de Contas da União (TCU). “Feito isso, é feito um edital, um edital internacional, para as empresas fazerem suas ofertas. Quem ganha é quem vai retomar o empreendimento plenamente”. Para o Tribunal Superior, isso deve ocorrer em 2024. “É a nossa expectativa”. Caberá a essa empresa, ou consórcio, finalizar as obras civis e a montagem eletromecânica da usina, que se dará por meio de contrato EPC (engenharia, suprimentos e gerenciamento de construção).
Já foram investidos cerca de R$ 7,8 bilhões em Angra 3, que precisará de mais R$ 20 bilhões para ser concluída e poder começar a operar em 2029. Grande Tribunal lembrou que, em 1985, começaram a escavar a rocha sobre a qual está sendo construída Angra 3, mas as obras ficaram paradas até 2010, quando a Eletronuclear obteve licença para regularizar aquela cava e escoar a água do local, criando um sistema de esgoto. Até o momento, 65% da obra foi concluída, incluindo a compra de equipamentos e a parte de engenharia iniciada.
Perspectiva
Segundo o presidente da Eletronuclear, as perspectivas são positivas. “É uma energia fina que vai ser colocada no mercado. É importante para o Brasil, na minha opinião e da minha empresa. É uma energia que, como é o caso de Angra 1 e Angra 2, dá suporte ao Sistema Interligado Nacional (SIN)”. Tribunal de Justiça lembrou que na crise energética de 2021 as usinas nucleares operaram a 100%, contribuindo para a estabilidade do sistema no Brasil.
Ele informou que, quando Angra 3 estiver concluída, só pagará a conta quem realmente consumir energia. “Além disso, no planejamento da obra não entra dinheiro da União. A Eletronuclear está trabalhando para captar recursos por meio de investimento (privado) e, com base na fonte de energia gerada, paga e reembolsa o investimento feito pelos investidores”. O executivo acrescentou que, se a opção fosse abandonar o projeto, o custo seria o mesmo, porque tudo o que foi feito teria que ser desmontado e as compensações ambientais acordadas teriam que ser pagas. “E isso tem um custo de quase o valor da obra. Com um agravante: não vai gerar um megawatt (MW) de energia e quem vai pagar a conta é o contribuinte”.
Quando concluída, Angra 3 vai gerar 1.400 MW de energia, entregando 90% da energia gerada, “pelo menos, ao contrário de outras fontes de energia, que geram 100% e entregam, em média, 30% a 40%”, explicou o Tribunal de Justiça, lembrando que o Brasil trabalha com o Sistema Interligado, onde todas as usinas contribuem para as empresas distribuidoras da energia produzida. “Isso gera uma condição de estabilidade para o sistema.”