Em fevereiro, juros bancários médios sobem para 44,2% ao ano

Em fevereiro, juros bancários médios sobem para 44,2% ao ano
Em fevereiro, juros bancários médios sobem para 44,2% ao ano

A taxa média de juros do crédito livre aumentou 7,7 pontos percentuais (pp) nos últimos 12 meses e atingiu 44,2% ao ano em fevereiro. No mês, o aumento foi de 0,7 pp, segundo as Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas hoje (29), em Brasília, pelo Banco Central (BC).
Em relação às novas contratações para empresas, a taxa média de crédito foi de 24,2% ao ano, queda de 1,1 pp no ​​mês e alta de 2,7 pp em 12 meses. Nos contratos com famílias, a taxa média de juros atingiu 58,3% ao ano, alta de 1,7 pp no ​​mês e de 10,2 pp em 12 meses.

No crédito livre, os bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as taxas de juros cobradas dos clientes. O crédito direcionado, que tem regras definidas pelo governo, destina-se basicamente aos setores habitacional, rural, infraestrutura e microcrédito.

No caso do crédito direcionado, a taxa para pessoa física foi de 10,3% aa em fevereiro, com queda de 1 pp em relação ao mês anterior e aumento de 1,8 pp em 12 meses.

Para as pessoas jurídicas, a taxa caiu 0,2 pp no ​​mês e aumentou 2 pp em 12 meses, atingindo 13,2% ao ano. Assim, a taxa média do crédito direcionado atingiu 11% ao ano, redução de 0,8 pp no ​​mês e aumento de 1,8 pp em 12 meses.

O comportamento das taxas médias de juros bancários ocorre no momento em que a taxa básica de juros da economia, a Selic, está no maior nível desde janeiro de 2017, em 13,75% ao ano, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Em março do ano passado, o Banco Central iniciou um ciclo de aperto monetário, em meio à alta dos preços de alimentos, energia e combustíveis.

A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para atingir a meta de inflação. Em fevereiro, impulsionado principalmente pelos reajustes aplicados pelos estabelecimentos de ensino na virada do ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – considerado a inflação oficial do país – ficou em 0,84%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ). Com o resultado, o IPCA acumula alta de 5,6% em 12 meses.

O Banco Central avalia que o aumento da Selic foi repassado para as taxas finais dos diversos tipos de crédito e o Copom não descarta possibilidade de novas altas se a inflação não cair como esperado.

A elevação da taxa básica ajuda a controlar a inflação porque afeta os preços, já que os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, contendo a demanda aquecida.

Cartão de crédito

Para a pessoa física, o destaque do mês foram os cartões de crédito, cujas taxas aumentaram 6,5 pp no ​​mês e 28,2 pp em 12 meses, atingindo 101,4% ao ano.

No crédito rotativo, que é aquele tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor total da fatura do cartão e tem prazo de 30 dias, houve aumento de seis pp de janeiro a fevereiro e aumento de 62,2 pp em 12 meses, indo para 417, 4% ao ano. Após 30 dias, as instituições financeiras parcelam a dívida. No caso do cartão parcelado, os juros subiram 7,6 pp no ​​mês e 15,3 pp em 12 meses, passando para 189,6% ao ano.

O cheque especial também aumentou 6,3 pp no ​​mês e 4,9 pp em 12 meses, atingindo 137,4% ao ano.

A taxa do consignado ficou estável no mês e subiu 3,8 pp em 12 meses (26,7%). No crédito pessoal não consignado, os juros subiram 2,4 pp em fevereiro e 3,3 pp em 12 meses (86,7% ao ano).

Estabilidade na contratação

Segundo o Banco Central, a manutenção dos juros elevados, resultado do aperto monetário, e a própria desaceleração da economia a partir do segundo semestre do ano passado contribuíram para a desaceleração do crédito bancário. No mês passado, as concessões de crédito caíram 10,5% para pessoas físicas e 8,1% para pessoas jurídicas.

Em fevereiro, o estoque do total de empréstimos concedidos pelos bancos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi de R$ 5,319 trilhões, com ligeira variação negativa de 0,1% em relação a janeiro. O resultado refletiu a redução de 0,7% no saldo das operações de crédito contratadas com pessoas jurídicas (R$ 2,081 trilhões) e o aumento de 0,4% no de pessoas físicas (R$ 3,238 trilhões).

Na comparação interanual, o crédito total cresceu 12,6% em fevereiro, evidenciando desaceleração ante os 13,8% de 2022. Na mesma base de comparação, o saldo com pessoas jurídicas desacelerou para 5,9%, ante 8% em fevereiro de 2022, também já que o volume de crédito às famílias passou de um crescimento de 17,9% em fevereiro do ano passado para 17,4% no mesmo mês de 2023.

O crédito concedido ao setor não financeiro, que é o crédito disponível para empresas, famílias e governos independentemente da fonte (bancos, mercado de títulos ou dívida externa), atingiu R$ 14,872 trilhões, aumentando 0,9% no mês, principalmente devido ao aumento dos títulos da dívida pública, que tiveram alta de 1,4%, bem como o aumento de 2,3% dos empréstimos externos, impactados pela depreciação cambial de 2,1%.

Na comparação interanual, o crédito ampliado cresceu 9%, com destaque para os aumentos na carteira de crédito do Sistema Financeiro, 12,8%, títulos da dívida privada, 36,7%, e empréstimos externos, 8,3%.

endividamento

Segundo o Banco Central, a inadimplência (considerando atrasos superiores a 90 dias) vem se mantendo estável há muito tempo, com pequenas oscilações, e registrou 3,3% em fevereiro. Nas operações de crédito livre para pessoa física está em 6,1% e para pessoa jurídica em 2,4%.

O endividamento das famílias – relação entre o saldo de dívidas e o rendimento acumulado em 12 meses – ficou em 48,8% em janeiro, com queda de 0,2% no mês e de 1% em 12 meses. Excluindo o financiamento imobiliário, que demanda uma renda considerável, foi de 31% no primeiro mês do ano.

O comprometimento de receitas – relação entre o valor médio de pagamento de dívidas e o rendimento médio apurado no período – foi de 27,1% em janeiro, redução de 0,2% no final do mês e aumento de 0,5% em 12 meses.

Esses dois últimos indicadores são apresentados com maior defasagem do mês de divulgação, pois o BC utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Foto de © Marcello Casal JrAgência Brasil
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