Exploração na margem equatorial cabe ao Estado, diz Prates
A decisão se a Petrobras pode perfurar para exploração de petróleo na margem equatorial é uma questão que está sendo avaliada pelo Estado brasileiro, disse nesta quarta-feira (19) o presidente da estatal, Jean Paul Prates. Segundo ele, a questão envolve diversos órgãos, entre eles a Casa Civil e a Advocacia-Geral da União (AGU). “É o Estado brasileiro se movimentando para resolver essa questão internamente”, disse ele durante encontro com jornalistas nesta quarta-feira (19) no Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, na Ilha do Fundão, zona norte do Rio de Janeiro.
O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Joelson Mendes, disse que tecnicamente os geocientistas da empresa dizem que a extensa margem equatorial que vai do Amapá ao Rio Grande do Norte é a última grande fronteira exploratória brasileira. Na visão do diretor, é algo que pode mudar o jogo, assim como aconteceu com as águas profundas da Bacia de Campos e do pré-sal, visto que há um limite nessas áreas.
“Essas bacias atingirão a maturidade, a produção do pré-sal atingirá seu pico por volta de 2030, 2032 e para a segurança energética brasileira. Para nós, como empresa, conseguirmos sobreviver como uma empresa de exploração de petróleo, precisamos de novas fronteiras exploratórias, por isso todo o nosso esforço para trazer as melhores técnicas e toda a nossa história como empresa que cuida das pessoas, do meio ambiente e da sociedade, para que consigamos a licença para perfurar na margem equatorial”, observou, defendendo a exploração na margem equatorial.
dividendos
O diretor financeiro e de relações com investidores, Sérgio Caetano Leite, disse que as novas regras da política de dividendos da empresa estão sendo elaboradas por um grupo de trabalho que deve finalizar tudo até o final deste mês. A expectativa é que elas sejam conhecidas na divulgação do balanço da empresa do segundo trimestre. O diretor não participa do grupo por questões de governança da empresa e afirmou que por isso não pode adiantar o percentual de distribuição.
Leite acredita que o período de distribuição pode permanecer trimestral, mas destacou que, após a conclusão da análise do grupo de trabalho, ela deverá ser aprovada pelo Conselho de Administração. “Toda vez que delibera, delibera o pagamento de dividendos correntes, então teremos uma deliberação sobre o pagamento do segundo trimestre, o que já deve ocorrer com base na nova regra”, acrescentou.
A intenção da Petrobras é reduzir a distribuição de dividendos e, com a diferença, poder ampliar os investimentos.
Conflito
Por diversas vezes durante o encontro com jornalistas, o presidente negou a existência de uma crise, nem retórica nem operacionalmente, com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Ferreira, que cobra o fornecimento de gás natural da empresa ao mercado brasileiro.
“Também é natural (o ministro cobrar). Tem que acabar com essa celeuma que o ministro está travando. Ele não está lutando. Ele é ministro, tem que cobrar tudo. Ele tem que fiscalizar a mineração, o setor elétrico, a Petrobras. Ele tem o direito de cobrar, ele tem o direito de receber informações. Ninguém vai tirar conflito de mim por nada. Eu respeito o ministro, os ministros, o presidente da República, eles são os acionistas majoritários e controladores da empresa, mas nós fazemos o nosso trabalho e explicamos as coisas, como estamos explicando para a sociedade. O fato é que estamos fazendo nosso trabalho corretamente. Ninguém retém gás deliberadamente ou deixa de monetizar o gás porque quer”, assegurou.