Exportações de produtos do agronegócio atingem US$ 9,9 bilhões em fevereiro
Para o assessor de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Pedro Rodrigues, o resultado final ficou dentro das expectativas para o setor agropecuário, principalmente em função do volume de exportações em janeiro. “Em janeiro tivemos o recorde histórico de vendas brutas de mercadorias agrícolas no exterior. Em fevereiro, essa queda foi antecipada porque passamos pelo primeiro dos 12 meses de atraso na colheita da soja no sul do país. No entanto, este exemplo está normalizando. E isso tem se refletido nos números lançados”.
Embora a Companhia Nacional de Grãos (Conab) estime uma produção de soja de 151,4 milhões de toneladas para a safra 2022/2023, o atraso na safra da oleaginosa influenciou na queda das exportações no mês – com queda nos volumes exportados de soja em grão.
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Açúcar e trigo também confirmaram queda nas vendas brutas internacionais. Houve muito menos disponibilidade doméstica para exportação, por conta de considerações sobre a safra argentina de trigo, e menor moagem de cana-de-açúcar por conta de fatores climáticos locais.
A carne bovina também teve um desempenho desfavorável como resultado do desconto no preço global e redução no volume de exportação. Uma das causas dessa queda no número é o caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EBB), popularmente conhecido como doença da “vaca louca”, relatado em 22 de fevereiro ao Grupo Mundial de Saúde Animal (OMS).
Por causa desse caso, as exportações para a China foram rapidamente suspensas a partir de 23 de fevereiro. “A verdade é que as vendas brutas internacionais de carne bovina para a nação asiática caíram 15,35 mil toneladas em fevereiro de 2023, chegando a 71,72 mil toneladas”, definiu o ministério em uma palavra. Além disso, a quantidade exportada para os EUA, Chile e Egito diminuiu.
Pedro Rodrigues explica que essa queda nas exportações de carne bovina já era esperada para o mês, por conta do fim das comemorações do ano novo em língua chinesa. Ele também afirma que os dados não refletem os impactos do embargo. “Nas informações de fevereiro, ainda não temos reflexões muito claras sobre o que o embargo significou. Essas informações e impactos provavelmente serão vistos se o embargo durar mais tempo”.
Independentemente de todos os componentes, no resultado acumulado em 12 meses, as exportações do agronegócio brasileiro atingiram o recorde do primeiro bimestre: US$ 20,1 bilhões.
Mercadorias essenciais embarcadas pelo agronegócio:
Milho
Os embarques brasileiros de milho somaram mais de 2 milhões de toneladas, com passagem internacional de US$ 689 milhões. De acordo com a avaliação do Ministério do Comércio e Relações Internacionais, o bom rendimento do cereal é resultado da baixa oferta mundial e da excessiva produção nacional do grão para a atual safra. No mais recente levantamento da Conab, a estimativa de colheita é de cerca de 125 milhões de toneladas de milho.
“O milho é um produto que já temos boas perspectivas para este 12 meses. O Brasil percebeu a abertura recente dos mercados de grãos e a nação soube aproveitar esse segundo e tem enviado bastante milho para o exterior. E a expectativa é que o Brasil continue como fornecedor protegido de milho. Isso tem contribuído para uma quantidade muito excessiva de exportações brasileiras de milho ultimamente”, afirmou o assessor da CNA, Pedro Rodrigues.
Assim, o Brasil deve ser o maior exportador mundial de milho dentro da safra. Os principais importadores de grãos em fevereiro foram Japão, Coreia do Sul, Colômbia, Argélia e Vietnã.
Celulose
As vendas brutas de celulose no exterior bateram recorde em valor e quantidade nos meses de fevereiro, atingindo US$ 766 e 1,6 milhão de toneladas, respectivamente. Provavelmente os locais internacionais mais industrializados do planeta são os principais compradores da celulose brasileira: China, União Européia e Estados Unidos.
Farelo e óleo de soja
As vendas externas de farelo de soja, produto do complexo soja, chegaram a US$ 710 milhões, como resultado do aumento no valor das exportações comuns, que subiram 23%. Os principais importadores foram Tailândia, Holanda, Polônia, França e Indonésia.
Ainda no complexo da soja, o óleo de soja teve recorde de eficiência em receita e quantidade nos meses de fevereiro, chegando a US$ 268 milhões, apesar da queda de cerca de 16,8% no valor médio das exportações. Índia e Bangladesh impulsionaram as vendas brutas e importaram 33% (73 mil toneladas) e 25% (57 mil toneladas), respectivamente, de sua quantidade total exportada.
carne de galinha
Já a carne de frango teve recorde nos meses de fevereiro, com movimentação de 372 mil toneladas e US$ 726 milhões. De acordo com analistas do SCRI/Mapa, como o Brasil não tem registro de casos de gripe aviária, consegue obter dados nos embarques dessa proteína, tendo em vista a situação mundial. Os principais consumidores foram China, Arábia Saudita, Japão e Emirados Árabes Unidos.
O analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias, explica que o Brasil continua sendo uma exceção em relação à gripe aviária. O que ele considera glorioso para o mercado brasileiro.
“O Brasil tem se destacado nas questões envolvendo a gripe aviária em todo o mundo. Os Estados Unidos e a União Europeia são afetados de perto pela doença. Na verdade, temos que contemplar agora que, enquanto isso, a gripe aviária está circulando aqui mesmo, perambulando pelo território brasileiro. Mas, de qualquer forma, o protocolo de saúde vigente aqui no Brasil ainda se refere à manutenção das exportações, mesmo quando há casos de doença em fazendas industriais, o que considero improvável. Mas o protocolo da OIE (Organização Mundial para a Saúde Animal) prevê o fechamento por núcleo, o que significa que, se houver casos de gripe aviária, a suspensão ocorrerá de forma regionalizada, não afetará sua saúde completo território brasileiro”.
Com informações de Brasil 61