Frente Parlamentar Agrícola luta contra alguns aspectos da reforma tributária

No primeiro encontro entre a Entrada Parlamentar da Agricultura (FPA) e o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), o presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), condenou o que chamou de o “conflito de narrativas”, de que a agricultura é subtributada no Brasil. Ele cobrou que o setor seja tratado com “respeito” pelo governo federal e pelo Congresso Nacional nas negociações da reforma que tramita para aprovação no Congresso Nacional.

A assembléia, realizada na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília, contou com a presença do presidente da entidade, João Martins, do coordenador do GT sobre reforma tributária, deputado Reginaldo Lopes (PT- MG) e de parlamentares do grupo técnico, criado pelo prefeito Arthur Lira (PP-AL), para dar conta da reforma antes que a proposta vá para votação no plenário. Além de deputados e senadores ligados à agricultura, também participaram lideranças e representantes do setor produtivo.

No decorrer da assembléia, foram apresentados oito pontos da proposta com os quais o setor não se conforma e que podem funcionar contra a aprovação no Congresso. Entre elas está a manutenção da isenção de mercadorias da cesta básica. A restituição de impostos para os mais pobres provavelmente será incluída na proposta de reforma, conforme já antecipado há três semanas pelo secretário extraordinário de reforma tributária, Bernard Appy.

“Nós caracterizamos um terço do PIB nacional, 25% dos empregos, muitas das exportações do país. É um setor que deve ser ouvido, reverenciado e, sobretudo, deve ter a chance de abordar questões atuais em relação a esta futura reforma tributária”, destacou o presidente da FPA.

Lupion reconheceu que a entrada não é contrária à reforma, mas afirmou que o setor não pode ser prejudicado com a aprovação da proposta. “Precisamos auxiliar a Reforma Tributária e, com o intuito de auxiliá-la, não podemos ser prejudicados. Com isso, partimos da necessidade de as pessoas saberem o que significa o sistema produtivo brasileiro”, destacou.

“Não vivemos de subsídio, mas de produção agrícola”, disse Lupion, acrescentando que é um erro a ideia de que o agronegócio paga muito menos impostos. O setor comercial, no entanto, contesta esse patamar e vem apresentando números que mostram que, enquanto o agronegócio arrecadou 0,6% dos impostos federais, o comércio manufatureiro pagou 26,2% em 2021.

A FPA, que conta com cerca de 300 parlamentares, é considerada uma das equipes mais efetivas do Congresso e está se organizando para que o setor não tenha uma carga tributária excessiva.

Coube ao técnico da CNA, Bruno Lucchi, apresentar, mercadoria a mercadoria, elementos das oito edições reconhecidas.

Entre os muitos fatores essenciais da reforma do agronegócio está o topo do chamado crédito presumido do Imposto sobre Produtos e Empresas (IBS), que precisa ser criado dentro da reforma. Pode ser um lucro tributário existente no momento e que possibilita, a seguir, o desconto da quantidade a ser paga. Essa pontuação de crédito é usada para pagar vários impostos ou pode ser reembolsada em dinheiro.

A proposta em andamento oferece o limite de crédito presumido e vários incentivos fiscais para que a base de cálculo seja ampla.

“De que adianta ter crédito presumido se não for pago?”, questionou o relator, que também defendeu uma base ampla. Aguinaldo Ribeiro, no entanto, preferiu não entrar em detalhes da proposta, alegando que o governo federal ainda não introduziu o conteúdo textual com seu “benefício”.

Durante o almoço, o relator fez uma apresentação do estágio atual da reforma e defendeu um acordo entre Senado e Câmara para aprová-la. O parlamentar admitiu que provavelmente não haverá unanimidade, mas confirmou o otimismo com o diálogo que pretende manter com os setores financeiros. “Conheço todos os chamados de todos os setores”, afirmou.

Para o coordenador do GT da reforma tributária, deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), o setor agropecuário poderá colaborar com um sistema mais fácil, claro e verdadeiro, que permita a era do emprego e da receita.

O que o setor agro se opõe na proposta

1) Alcance da ideia de contribuinte

Atualmente, os produtores rurais não deveriam direcionar os contribuintes aos tributos a serem extintos com a reforma e passariam a ser tributados de forma unificada. O setor não precisa que os produtores rurais concordem com o sistema IBS (o imposto que vier a ser criado, inclusive outros). O agro alega que o pequeno produtor rural não tem condições de apresentar nota fiscal.

2) Pontuação de crédito presumida

O setor deseja manter esse lucro tributário dentro do IBS para o comprador da manufatura agrícola. O argumento é que mais de 5 milhões de famílias de pequenos e médios agricultores e pecuaristas podem querer contratar um contador para calcular o imposto.

3) Não há incidência de impostos sobre insumos agrícolas

O setor defende essa tributação diferenciada para garantir a competitividade. O argumento é que, em um momento em que o Brasil caminha para firmar acordos de livre comércio, a carga sobre insumos agrícolas pode ter resultados perversos.

4) Oneração do cabaz de refeições essenciais

O setor é contra a oneração da cesta básica, que no momento tem mercadorias isentas. Ele também não imagina a eficácia do sistema de declaração de impostos para os habitantes de baixa renda. O argumento é que provavelmente haverá aumento de preços e inflação. E a devolução é difícil de implementar em todo o país.

5) Reembolso de crédito rápido e eficiente

O setor deseja garantir, com a reforma, o ressarcimento rápido e ecologicamente correto do crédito tributário em todas as apurações, sejam elas apurações generalizadas de impostos, exportações ou investimentos. As devoluções devem ser feitas dentro de um intervalo definido antes de qualquer alocação de renda entre os governos federal e regional. O prazo deverá ser redigido na legislação complementar.

6) Remédio correto do cooperativismo

Para o setor, pode ser fundamental que a reforma apresente normas específicas sobre a sistemática do cooperativismo com a não incidência de tributos sobre o cooperado, porém sobre o cooperado.

7) Não incidência de tributação seletiva na cadeia de fabricação de refeições

O setor não precisa que o imposto seletivo (conhecido como imposto sobre o pecado, que incide sobre mercadorias perigosas à saúde) seja cobrado sobre as refeições.

8) Tributação satisfatória dos biocombustíveis

O setor diz que a tributação deveria incentivar o uso de biocombustíveis com diferenciação da carga tributária entre biocombustível e gasolina fóssil.

Com informações de Brasil 61

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