Governador de São Paulo manifesta apoio a 95% da reforma tributária
Um dos principais nomes da resistência à reforma tributária nos últimos dias, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, reduziu a oposição à proposta e disse concordar com “95% do que está sendo discutido”. O governador fez a declaração após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta quarta-feira (5).
O governador do Amazonas, Wilson Lima, também participou do encontro. Ao sair, Freitas disse ainda ter divergências em “questões específicas” com o governo federal e afirmou ser “parceiro” na aprovação da reforma.
“A espinha dorsal da proposta – tributação ampla, dualidade do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), arrecadação no destino, transição federativa – tem o acordo. Ele sempre teve a concordância do São Paulo. O que sempre ponderamos foram questões específicas. Concordamos com 95% da reforma”, declarou o governador acompanhado de Haddad.
Freitas informou que pediu ao ministro maior representatividade dos estados no futuro Conselho Federativo, órgão que decidirá as políticas fiscais e tributárias. “Se eu tiver uma governança mais frouxa (no Conselho Federativo), preciso de mais receita nas mãos do estado. A partir do momento que eu melhorar a governança do Conselho Federativo, posso ter algo mais ‘algoritmizável’”, declarou.
O governador também sugeriu uma Câmara de Compensação para cobrir eventuais quebras de arrecadação dos estados, mas disse estar disposto a que o estado perca arrecadação no curto prazo após a aprovação da proposta. Defendeu a cobrança e atribuição automática de créditos fiscais (compensação de impostos pagos a maior), como em alguns países da União Europeia.
O texto que deve ser votado nesta semana pela Câmara estabelece dois fundos com recursos da União para cobrir perdas de arrecadação do estado. O primeiro é o Fundo de Compensação de Benefícios, que garantirá incentivos fiscais concedidos pelos estados até 2032. O segundo é o Fundo de Desenvolvimento Regional, que incentivará o desenvolvimento de regiões de baixa renda e receberá aportes anuais de R$ 40 bilhões a partir de 2033.
Nos últimos dias, o governador de São Paulo vem defendendo uma repartição diferenciada do Fundo de Desenvolvimento Regional. Em vez de privilegiar os estados com rendimentos mais baixos per capitaconforme recentemente aprovado pelo Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda, Fazenda, Receita ou Tributação dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), Freitas sugeriu os estados com maior número de beneficiários do Bolsa Família, o que favoreceria São Paulo, que tem o maior população do país.
Colaboração
Este foi o primeiro encontro entre Haddad e Freitas desde o início do ano. Em 2022, os dois disputaram o segundo turno das eleições para o governo de São Paulo, vencido por Freitas. O ministro da Fazenda agradeceu a visita do adversário político e disse que o governo federal tem agido de forma técnica para inserir possíveis mudanças no texto.
“Não é novidade que o governador Tarcísio se pronunciou a favor da reforma, mesmo sabendo que São Paulo terá um desafio de curto prazo, sobretudo o que está disposto a enfrentar, colocando o interesse nacional acima das questões regionais e partidárias, o que é muito importante pensar no futuro do Brasil”, disse Haddad.
O ministro voltou a dizer que o governo está trabalhando para aprovar a reforma tributária com o maior número de votos possível. Por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), o texto precisa de 308 votos para ser aprovado no plenário da Câmara.
“Não estamos aqui visando o número de votos necessários para aprovar (a reforma tributária). Queremos ultrapassar o número mínimo para passar a ideia, à semelhança do que aconteceu com o quadro fiscal, de que é um projeto de país que está em curso, que é algo para as gerações vindouras. Ninguém está pensando no curtíssimo prazo em termos de ganhos ou perdas”, disse Haddad.