Governo Central tem maior déficit em fevereiro desde 1997

Governo Central tem maior déficit em fevereiro desde 1997
Governo Central tem maior déficit em fevereiro desde 1997

Sem recursos da cessão onerosa do petróleo do pré-sal e com os gastos com programas sociais em alta, o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central – registrou o maior déficit primário de fevereiro. No mês passado, o resultado foi negativo em R$ 40,989 bilhões, mais que o dobro do déficit de R$ 20,367 bilhões registrado em fevereiro de 2022.
Em valores nominais, trata-se do maior déficit para o mês desde o início da série histórica, em 1997. Ao descontar a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), conta mais utilizada pelos analistas, o resultado também é o pior para os meses de fevereiro.

O resultado foi pior do que o esperado pelas instituições financeiras. Segundo a pesquisa Prisma Fiscal, divulgada mensalmente pelo Ministério da Economia, os analistas de mercado esperavam um resultado negativo de R$ 31,9 bilhões em janeiro.

Apesar do buraco em fevereiro, o Governo Central acumula superávit primário de R$ 37,768 bilhões em 2023. Isso porque, em janeiro, havia sido registrado superávit de R$ 78,326 bilhões.

Em valores nominais, é o segundo maior superávit acumulado, atrás apenas do primeiro bimestre do ano passado (resultado positivo de R$ 56,444 bilhões). Em valores reais (corrigidos pela inflação), é o quinto maior superávit da série.

O resultado primário representa a diferença entre receitas e despesas, excluindo os pagamentos de juros da dívida pública. A Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano estabelece meta de déficit primário de R$ 231,5 bilhões para o Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central).

Em janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou uma pacote que visa aumentar receita e rever gastos para melhorar as contas públicas e reduzir o déficit para cerca de R$ 100 bilhões em 2023.

receitas

Em fevereiro do ano passado, o governo recebeu R$ 11,8 bilhões em bônus de assinatura relativos à segunda rodada da cessão onerosa de petróleo do pré-sal. Sem a repetição de recursos em 2023, a receita líquida caiu 12,2% em fevereiro na comparação com o mesmo mês do ano passado em termos nominais. Descontada a inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a queda foi de 16,8%.

Se considerarmos apenas as receitas administradas (relativas ao pagamento de impostos), houve queda de 3,9% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado, descontada a inflação. As maiores reduções ocorreram no Imposto sobre Produtos Industrializados (-39,6% descontado pela inflação), principalmente devido à redução de 35% na alíquota pelo governo anterior desde fevereiro do ano passado. Em segundo lugar vem a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), que caiu 11,4% por causa das isenções do combustível.

Apesar das recentes quedas dos preços do petróleo no mercado internacional, as receitas com royalties subiram R$ 117,9 milhões (+2%) acima da inflação no mês passado em relação a fevereiro de 2022. Atualmente, a cotação internacional do barril está em torno de US$ 74, após atingir US$ 120 em meados do ano passado, por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Despesas

O déficit do mês passado decorreu principalmente da queda nas receitas. Do lado das despesas, houve crescimento de 4,6% em valores nominais, mas queda de 0,9% descontada a inflação.

Impulsionados pelo novo Bolsa Família, os gastos com programas sociais subiram R$ 5,4 bilhões acima da inflação em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano passado. Devido à forte concessão de aposentadorias e pensões pouco antes das eleições de 2022, os gastos com a Previdência Social subiram R$ 2,8 bilhões a mais do que o IPCA.

Esses aumentos foram compensados ​​pela queda de R$ 5,7 bilhões no pagamento de abonos salariais e seguro-desemprego, porque a programação deste ano é pulverizada no primeiro semestre, em vez de se concentrar nos três primeiros meses do ano, como em 2022 Além disso, houve redução de R$ 2,9 bilhões em créditos extraordinários, principalmente gastos associados ao combate à pandemia de covid-19.

Os gastos com o funcionalismo público federal caíram 2% em janeiro e fevereiro, descontada a inflação. A queda reflete o congelamento salarial dos servidores públicos que vigorou entre julho de 2020 e dezembro de 2021 e a falta de reajustes em 2022.

Em relação aos investimentos (obras e compra de equipamentos), o governo federal investiu R$ 3.841,1 bilhões nos dois primeiros meses do ano. O valor representa um aumento de 17,4% acima do IPCA em relação ao mesmo período de 2022. Esse crescimento se deve à Emenda Constitucional da Transição, que garantiu espaço fiscal para a recomposição dos investimentos públicos.

Foto de © Marcelo Camargo/Agência Brasil
0 0 votos
Avaliação
Acompanhar
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais novo
Mais velho Mais votado
Feedbacks em linha
Ver todos os comentários
0
Gostou do post? Faça um comentário!x