Governo quer reavaliar pisos para gastos com saúde e educação
Vinculados à arrecadação, serão reavaliados os gastos mínimos com saúde e educação determinados pela Constituição, disse nesta quinta-feira (30) o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron. Em entrevista para explicar o novo arcabouço fiscal, Ceron destacou que eventuais mudanças ocorreriam por meio de emendas constitucionais e entrariam em vigor a partir de 2025.
“Entendemos que existem critérios que podem ser melhores do que a mera indexação (em relação ao faturamento)”, disse Ceron.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia afirmado que o novo quadro fiscal traria um regra de transição substituir os prejuízos com educação e saúde após a aprovação do teto de gastos. Essa transição se daria por meio de lei complementar, mas Ceron afirmou a disposição do governo de rever as regras estabelecidas na Constituição.
Atualmente, o gasto mínimo com saúde e educação está vinculado à receita federal. O governo é obrigado a gastar pelo menos 15% da receita corrente líquida em saúde e 18% da receita tributária em educação.
Segundo a equipe econômica, esses pisos criam problemas porque o gasto total do governo está sujeito a uma regra geral, que era o teto de gastos e será substituído pelo novo arcabouço fiscal. Dessa forma, se as despesas com uma das duas áreas (educação e saúde) crescem mais que a média, sobra uma fatia menor para outros tipos de gastos.
No caso do novo quadro, se os gastos com saúde e educação crescerem mais do que o bloqueia 70% do crescimento da receita em 12 meses anos anteriores, o governo terá que cortar gastos em outras áreas para cumprir os limites mínimos.
De acordo com o Ceron, eventuais mudanças nos andares com saúde e educação serão discutidas com os setores do governo. As mudanças ocorreriam por meio de uma emenda constitucional e seriam discutidas ao longo de 2024 para entrar em vigor em 2025.
Vinculativo
Antes do teto de gastos, os valores eram definidos de acordo com a receita corrente líquida do governo federal. Após o teto, os limites mínimos para saúde e educação passaram a ser reajustados anualmente pela inflação de acordo com o valor implantado em 2016. O governo entende que, como a nova regra fiscal anulará o teto de gastos, conforme previsto na emenda constitucional do a transição, a regra que estava em vigor até o final de 2016 voltará a vigorar.
“A própria Constituição diz que, assim que entrar em vigor a lei complementar com o novo regime fiscal, a transição será automaticamente válida”, esclareceu Haddad.
piso de investimento
O secretário da Fazenda esclareceu que o limite mínimo para investimentos, previsto no novo regime, corresponderia a R$ 75 bilhões por ano corrigidos pela inflação. Segundo Ceron, o piso de investimento (obras e compra de equipamentos) permitiria a preservação de despesas importantes para garantir o crescimento econômico.
“(Com o piso de investimento), temos a garantia de que o ajuste não será por investimento, que é o pior corte que existe, junto com o corte de gastos sociais”, declarou Ceron.