Haddad contesta taxa de 28% para IVA estimado por estudo
A alíquota de 28% do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), a ser criada pela reforma tributária, não considera uma série de fatores, afirmou nesta segunda-feira (17) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele refutou um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), segundo o qual o futuro ICMS seria superior aos 25% inicialmente previstos por causa das exceções incluídas durante a votação dos deputados.
“É um estudo que não leva em conta uma série de fatores. Não há análise de impacto, por exemplo, sobre (combate) sonegação, sonegação, corte de gastos tributários (eliminação de incentivos fiscais)”, declarou Haddad ao chegar ao Ministério da Fazenda na manhã desta segunda-feira.
Com base no texto aprovado pela Câmara dos Deputados, o estudo do Ipea estima uma alíquota de 28,4% para o ICMS, o que afetará o consumo. Esse percentual garantiria a maior alíquota do mundo para impostos desse tipo, batendo o recorde da Hungria, que cobra IVA de 27%.
Segundo o Ipea, as isenções previstas no texto, o benefício a setores que terão alíquota reduzida em 60% e a criação de regimes especiais estão por trás da alta da alíquota. Isso porque, para compensar a isenção de alguns segmentos da economia, o governo terá que tributar mais o restante dos setores.
Transição
Sobre a possibilidade de a taxa ficar abaixo de 28%, o ministro disse que é preciso avaliar dois fatores. A primeira é a transição, que começará em 2026 para a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), a parte federal do futuro ICMS, e vai até 2032. “Vamos calibrar isso de acordo com a transição. Então comece em 2026 com uma taxa baixa para ver o impacto”, declarou o ministro.
O segundo fator, citou Haddad, serão possíveis mudanças na reforma tributária pelo Senado, que poderá rever algumas exceções concedidas pela Câmara. Com menos isenções e setores com alíquotas reduzidas, a alíquota geral pode cair.
Apesar de contestar a estimativa de taxa de 28,4%, Haddad considerou positivas as ponderações feitas pelo Ipea e defendeu o enxugamento da reforma, com a revisão da lista de exceções. “O alerta que o estudo do Ipea faz é bom, porque mostra que quanto mais exceções houver (reforma tributária), menos funcionará. Então tem que calibrar bem as exceções, para que fiquem bem justificadas”, afirmou.
Mesmo no caso de ICMS alto, o estudo considera a reforma tributária benéfica para a economia brasileira, pois vai melhorar o ambiente de negócios e simplificar a arrecadação e o pagamento de tributos. Recentemente, o Ipea divulgou outro estudo, segundo o qual a reforma pode gerar um Ganho de 2,39% no Produto Interno Bruto (PIB) até 2032.