Haddad diz que país está pronto para iniciar ciclo de corte de juros
Nesta sexta-feira (19), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a defender a redução da taxa básica de juros da economia brasileira, a taxa Selic. Falando em evento internacional promovido pelo Banco Central (BC), na capital paulista, o ministro disse que o país está pronto para iniciar um ciclo de queda dos juros e criticou a decisão do BC de manter a Selic em patamar elevado .
“Achamos que há espaço para iniciar um ciclo (de juros em queda) mas, enfim, há um corpo técnico lá (no Comitê de Política Monetária do BC) que está formado, e que procuramos respeitar”, afirmou.
“Sempre que ouço uma autoridade monetária dizer que quando se luta contra uma infeção tem que se tomar o antibiótico inteiro, lembro-me sempre que existe também a observação de que não se pode tomar dois antibióticos. É preciso tomar as medidas certas para que a economia possa, ao mesmo tempo, se reajustar”, afirmou.
Segundo Haddad, o Ministério da Fazenda já apresentou ao BC dados que mostram que a economia do país suportaria uma redução dos juros. “Devido ao comportamento dos juros futuros, do câmbio e da própria inflação, e isso em um momento em que a economia mostra que não está estagnada, como se pensava no início do ano, está desacelerando porque as taxas estão muito alto”.
O ministro destacou que a economia do país deve ser gerida tendo em vista o bem-estar das pessoas e a promoção do desenvolvimento com justiça social. “Somos servidores públicos, temos que servir nosso povo e promover o desenvolvimento com justiça social e, obviamente, no caso de um evento do Banco Central, com baixas taxas de inflação”.
Haddad observou, porém, que o debate sobre a política de juros não pode ser uma “afronta” ao Banco Central e que o ministério e o BC devem trabalhar em harmonia. “Temos que entender que discutir política monetária não é uma afronta à autoridade monetária. Muito pelo contrário, todos nesta sala e nos observando sabem que estamos trabalhando para o mesmo objetivo”.
Segundo Haddad, o ministério e o BC devem se comportar como dois braços de um mesmo organismo, “lembrando que não existe uma mão mais importante que a outra, e não existe uma reativa à outra, as duas mãos têm que trabalhar ativamente em vantagem de regulamentação adequada”.
O ministro disse ainda que o Brasil está em condições de “sair na frente” no próximo ciclo de expansão da economia mundial e que o país tem a obrigação de buscar taxas de crescimento acima da média mundial, dado o seu potencial em recursos naturais, humanos e nacionais tecnologia.
“O Brasil vive uma situação em que as taxas de inflação são reduzidas, as projeções de crescimento são revisadas para cima, as condições internacionais, tanto de comércio quanto de reservas, por ação do Banco Central, têm até mostrado uma resiliência muito alta. grande, e entendemos que o Brasil tem tudo para, em um ambiente muito adverso, muito adverso, assumir a liderança no próximo ciclo de expansão”, defendeu.