Haddad e Tebet elogiam tom mais brando da ata do Copom

Haddad e Tebet elogiam tom mais brando da ata do Copom

Com um tom mais brando do que o comunicado da semana passada, o ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado nesta terça-feira (27), foi bem recebido pela área econômica do governo. Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet, elogiaram o fato de a diretoria do Banco Central (BC) ter acenado com a possibilidade de cortar os juros em agosto.
Durante a solenidade de lançamento do Plano Safra, no Palácio do Planalto, Tebet afirmou que o documento tem um tom mais “realista” do que o comunicado divulgado logo após a decisão do Copom, na última quarta-feira (21). Tradicionalmente, as atas são divulgadas seis dias após o encerramento de cada reunião colegiada do Banco Central.

“(A ata) veio mostrando que há sinais de queda dos juros a partir de agosto. E também garantindo o que já temos certeza que estamos fazendo. Se você olhar a divergência de alguns votos na ata, mostra que eles já reconhecem o trabalho da equipe econômica. Não estamos apenas plantando sementes, estamos plantando credibilidade, segurança jurídica, previsibilidade para o Brasil. E as atas têm reconhecido isso. Agora só falta agosto para eles começarem a baixar os juros”, disse Tebet.

Antes de ir ao Palácio do Planalto lançar o Plano Safra, Haddad também comentou a ata do Copom. Para o ministro da Fazenda, o documento indica que grande parte da diretoria do BC reconhece o esforço da equipe econômica e que há consenso de que a Taxa Selic (taxa básica de juros da economia), em 13,75% ao ano desde agosto do ano passado, atingiu o pico e começará a cair no segundo semestre.

“O fato de haver uma sinalização clara de boa parte da diretoria (do Banco Central) de que os efeitos dos juros altos produziram os resultados (conter a inflação) e o risco fiscal (risco de descontrole das contas públicas) está longe de ser o mais importante”, declarou o ministro.

Harmonização

Haddad voltou a defender a harmonização entre as políticas monetária (fixação de juros) e fiscal (controle dos gastos públicos) e disse que o tom da ata do Copom abre espaço para que isso aconteça em breve, com a queda dos juros básicos. “O Brasil está em uma trajetória fiscal sustentável e, portanto, a harmonização da política fiscal com a política monetária, que venho defendendo desde dezembro, acredito que possa acontecer em breve”, declarou Haddad.

Na semana passada, Haddad disse que o Banco Central estava “contratando um problema” ao não indicar quando começará a cortar os juros, apesar de o a inflação tem registado uma forte desaceleração nos últimos meses. O ministro do Planejamento criticou a diferença de tom entre a nota divulgada logo após a reunião do Copom e a ata publicada na terça-feira.

“Mais uma vez, a ata veio quase contrária ao que está dito no comunicado. São dados que o Banco Central precisa rever, cria uma situação de estresse desnecessário no comunicado e depois vem com uma ata mais realista. Não passa de uma crítica construtiva. Que isso seja revisto pelo Banco Central”, disse Tebet.

Gradualidade

A ata revelou que a maioria dos integrantes do Copom, formada pelo presidente do BC e diretores do órgão, acredita que a queda da inflação e o impacto nas expectativas de mercado abre espaço para que a autoridade monetária comece a cortar a taxa Selic em agosto, mesmo se gradualmente.

“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto nas expectativas, pode permitir o acúmulo da confiança necessária para iniciar um parcimonioso processo de inflexão na próxima reunião”, informou o Banco Central. nos dias 1 e 2 de agosto.

Na semana passada, o comunicado divulgado logo após a reunião também havia suavizado o tom em relação aos anteriores. A frase sobre a possibilidade de o Banco Central voltar a elevar os juros em caso de inflação alta ou turbulência econômica foi retirada, mas o texto não indicava quando o Copom começaria a cortar os juros, o que atraiu críticas de ministros da área econômica e até parte do mercado financeiro.

Foto de © José Cruz/ Agência Brasil
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