Haddad elogia Congresso e cobra Banco Central após decisão da S&P
A melhora da perspectiva para o rating da dívida pública brasileira, divulgada nesta quarta-feira (14) pelo agência de classificação Standard & Poor’s (S&P), se deve à harmonia entre os Poderes, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo ele, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) têm papel importante na decisão da S&P, mas o Banco Central (BC) precisa “unir-se ao esforço” e começar a reduzir os juros.
O ministro lembrou que o comunicado da S&P citou as discussões sobre o novo marco fiscal e a reforma tributária como um dos motivos que levaram a agência a confirmar a possibilidade de melhorar o rating do Brasil nos próximos dois anos. Ele agradeceu aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pelo empenho na consolidação das contas públicas.
“Há muito trabalho pela frente. É só um começo, mas se mantivermos os ritmos de trabalho das Casas (do Congresso) e do Judiciário, atingiremos nossos objetivos. O Brasil tem que crescer de novo. Acho que a sintonia entre os Poderes tem contribuído para esse resultado, é uma mudança de viés e de rota, é muito significativo”, declarou o ministro.
Para o ministro, agora é importante a ação do BC, com a redução dos juros. “Eu estava falando sobre harmonização. Falta o Banco Central para se juntar a esse esforço, mas quero acreditar que estamos na iminência de ver isso acontecer. Quando estivermos todos alinhados, vamos prosperar”, declarou.
Na próxima semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá para decidir sobre a taxa Selic (taxa básica de juros da economia). Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano, o maior nível desde janeiro de 2017. Apesar de ter classificado como duro o tom de algumas atas das últimas reuniões do Copom, o ministro disse que a autoridade monetária está ficando sensível aos pedidos da indústria e varejo para começar a reduzir as taxas de juros.
“Quero, o quanto antes, agradecer à autoridade monetária, que a cada manifestação demonstra estar sensível ao clamor do empresariado, dos bancos, das agências de risco e que é possível que a harmonia seja ainda maior”, disse Haddad, citando uma reunião anterior com o Institute for Retail Development (IDV).
grau de investimento
Sobre um possível retorno ao grau de investimento, garantia de que o país não corre o risco de inadimplência de sua dívida pública, Haddad disse acreditar na retomada do selo de bom pagador. “O Brasil vai recomeçar”, declarou o ministro, lembrando que hoje o país cresce mais e tem uma inflação menor do que vários países desenvolvidos.
O Brasil obteve o grau de investimento em 2008, no segundo mandato do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O país perdeu a chancela em 2015, no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Atualmente, a S&P atribui ao Brasil o rating BB-, três degraus abaixo do grau de investimento.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Banco Central informou que não comentará a decisão da S&P nem as declarações do ministro Fernando Haddad.