Haddad pede cautela em relação ao PIB do primeiro trimestre

Haddad pede cautela em relação ao PIB do primeiro trimestre

O crescimento de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) no primeiro trimestre está em linha com as projeções do Ministério da Fazenda, disse, na tarde desta quinta-feira (1º), o ministro da Fazenda , Fernando Haddad. Embora o número tenha ficado acima das estimativas do mercado financeiro, Haddad pediu cautela e disse que os dados foram inflacionados pelo desempenho do agronegócio.
O ministro pediu foco no desempenho da economia em 2024, para que o país comece o ano que vem gerando empregos em um cenário provável de juros em queda. “Precisamos começar a pensar em 2024 para manter a economia gerando empregos. Precisamos deixar claro que temos uma oportunidade muito boa, com a inflação sob controle e os juros futuros caindo significativamente”, declarou o ministro.

Segundo Haddad, a combinação de emprego e queda da inflação abre uma “janela importante” para o Banco Central (BC) reduzir os juros nos próximos meses. Nesta quarta-feira, o ministro almoçou com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em encontro não mencionado nas agendas de ambos.

Haddad evitou pregar o momento que considera ideal para o BC começar a reduzir os juros básicos. “Minha opinião já é conhecida”, disse ele. Segundo ele, o Ministério da Fazenda está fazendo a sua parte com a aprovação do novo quadro fiscal e com o compromisso de reduzir o déficit primário (resultado negativo das contas do governo sem juros da dívida pública).

“O esforço fiscal vai continuar até o final do ano para garantir os resultados do novo quadro fiscal. Tudo isso está se conjugando para entrar em um ciclo de desenvolvimento sustentável”, acrescentou o ministro. Haddad disse ter conversado com Campos Neto sobre uma possível mudança no sistema de metas de inflação.

No dia 29, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definirá a meta de inflação para 2026 e revelará se mantém as metas para 2024 e 2025, fixadas em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

Planejamento

O pedido de cautela de Haddad contrasta com as previsões do Ministério do Planejamento. Em nota, a pasta informou que o desempenho do PIB no primeiro trimestre indica que a economia pode crescer mais do que o previsto pelo mercado financeiro neste ano.

“Caso não haja aumento da atividade para os demais trimestres de 2023, o PIB brasileiro crescerá pelo menos 2,3%, superando significativamente a projeção do mercado”, informou o Planejamento em nota. Vítima da covid-19, a ministra Simone Tebet está de repouso nesta quinta-feira.

A nota do Planejamento destacou que o crescimento do PIB no primeiro trimestre é o maior desde o último trimestre de 2020, quando a economia começava a se recuperar do início da pandemia de covid-19. Além do resultado do setor agropecuário, que teve o maior crescimento desde 1996, a carteira destacou a recuperação do setor de serviços, que cresce há 11 trimestres consecutivos e tem desempenho 6,5 pontos percentuais a mais do que no início da pandemia.

No primeiro trimestre, o setor agropecuário cresceu 21,6% e os serviços aumentaram 0,6% no trimestre. O destaque negativo foi a indústria, que recuou 0,1%, com retração pelo segundo trimestre consecutivo.

Foto de © Valter Campanato/Agência Brasil
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