Haddad quer vincular desoneração da folha de pagamento à reforma tributária
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vai tentar convencer o Senado a vincular as discussões sobre a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia à segunda fase da reforma tributária, que deve tramitar no segundo semestre no Congresso Nacional . Segundo ele, faz mais sentido deixar o assunto para o momento da reformulação dos impostos sobre a renda.
Sem entrar em detalhes, o ministro disse que a proposta aprovada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira (13) é inconstitucional. “O próprio Congresso aprovou uma emenda constitucional dizendo que esse benefício (desoneração da folha de pagamento) tinha prazo de validade. Então estamos conscientizando os senadores. Vamos insistir que a oportunidade da discussão não é agora, é para depois da (primeira fase) da reforma tributária, para que possamos analisar”, comentou.
Na primeira votação, o CAE aprovou a prorrogação até 2027 de desoneração da folha de pagamento para os setores que teriam o benefício até o final do ano. A proposta ainda precisa ser votada em segundo turno pela comissão. Se não houver recurso para votação no Plenário do Senado, o texto seguirá direto para a Câmara dos Deputados.
Haddad afirmou que a equipe econômica está trabalhando em uma proposta alternativa sobre o tema, que pode ser incluída na segunda fase da reforma tributária. “Estamos tentando respeitar o Congresso. Peço confiança de que, após a (primeira fase) da reforma tributária, entraremos na segunda fase em que outros impostos serão redesenhados. Os benefícios previstos são válidos até o final do ano, não consigo entender a correria”, disse.
fundos regionais
Sobre a primeira fase da reforma tributária, que simplificará a tributação sobre o consumo, Haddad defendeu a existência de um fundo de desenvolvimento regional para compensar eventuais prejuízos dos estados com mudanças no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e fim dos incentivos fiscais. No entanto, ele disse que esse fundo precisa ser limitado e adotado gradualmente. “Limite, tem que ter um, claro, e tem que ter uma escala. Tem que ser assim”, comentou, sem entrar em detalhes.
O ministro se disse aberto a uma possível prorrogação do prazo de migração do atual regime tributário para o novo previsto na nova reforma tributária. “Esta é uma ideia que nos foi apresentada. Estamos analisando, mas o texto, condicionalmente, será apresentado nos próximos dias, creio”, disse.
Ontem, Haddad se reuniu com o relator da proposta da primeira fase da reforma tributária na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). Segundo o ministro, a mudança no sistema tributário vai alavancar o crescimento do país, ao criar um regime “mais robusto e transparente”.
estrutura
No início da noite desta terça-feira, Haddad se reuniu com o senador Omar Aziz (PSD-AM), relator do novo projeto-quadro fiscal no Senado. O ministro pediu “parcimônia” ao Congresso para não alterar o texto aprovado pelos deputados. “O que combinamos com Aziz é fazer algo com parcimônia, e (só) se for o caso”, disse Haddad após a reunião.
O ministro lembrou que, no caso de emendas que alterem o mérito de um artigo, o texto terá que ser novamente votado pelos deputados. Haddad, porém, disse que qualquer mudança deve ser acertada com o prefeito, Arthur Lira. “O que combinamos primeiro é respeitar o trabalho da Câmara”, declarou.
Alegando polidez com o relator no Senado, o ministro disse que não pode afirmar que o governo está totalmente fechado a mudanças na proposta. “Não posso dizer que não estamos abertos a nada. O senador não vai carimbar o projeto, ele tem sua reflexão, suas circunstâncias. Então, acho que quanto mais respeito tivermos em relação ao trabalho do Senado, mais próximo o resultado do Senado ficará do da Câmara, que é o que queremos”, comentou Haddad.