Isenção de compras online vai causar 2,5 milhões de despedimentos, dizem entidades

Isenção de compras online vai causar 2,5 milhões de despedimentos, dizem entidades

Prevista para entrar em vigor em agosto, a isenção de impostos federais para compras online até $ 50 podem causar até 2,5 milhões de demissões, disseram nesta quarta-feira (19) o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, e o presidente do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho. Os dois se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para entregar um estudo com os possíveis efeitos da medida.
Segundo a pesquisa, o varejo demitiria 2 milhões de trabalhadores até o final do ano; e indústria, 500 mil. As entidades pediram a retomada da tributação dessa faixa de compra, para evitar prejuízos à economia.

“Para se ter uma ideia, são mais de 1 milhão de pacotes por dia que estão chegando com esse valor de até US$ 50. Eles estão chegando a um ritmo que vai chegar a R$ 60 bilhões (em compras online) por ano. Só na indústria, estimamos que vamos perder 500 mil postos de trabalho, que representam R$ 20 bilhões na folha de pagamento”, declarou o presidente da CNI após o encontro.

As entidades defendem a retomada da tributação para garantir a isonomia entre produtos importados e produtos nacionais. “Se esses produtos não pagarem impostos, a indústria brasileira está pagando um imposto que vai tirar empregos e salários dos brasileiros”, disse Andrade.

O presidente do IDV alertou para o risco da isenção incentivar a entrada de produtos falsificados no país. Isso porque, segundo Gonçalves, a Receita Federal não poderá fiscalizar a quantidade de embalagens. “A isenção com esse valor virou um absurdo de falsificação, produtos que você não sabe de onde vêm, que antes eram vendidos por pessoas físicas, jurídicas, perdeu o controle”, criticou.

Análise

Número dois do Ministério da Fazenda, o secretário-executivo da pasta, Dario Durigan, também participou do encontro. Ele disse que a conversa foi produtiva e prometeu investigar o estudo. “Chamam a atenção os dados sobre o impacto nos empregos, e o estudo traz dados muito consistentes a esse respeito. Como muitos acompanharam, a Fazenda tem regulamentado essa questão para que possamos trazer esse assunto à luz do dia, não pode ficar sem tratamento, sem conformidadecomo foi colocado”, disse Durigan.

No dia em que foi publicada a portaria que isentou importações de até US$ 50 em impostos federais, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o análise de um imposto federal sobre comércio eletrônico ficaria para uma segunda etapa. Ele, no entanto, se recusou a comentar se a tributação seria restabelecida. Ele disse apenas que o “plano compliance” buscará preservar o equilíbrio entre varejistas nacionais e lojas online de produtos importados.

Foto de © Marcello Casal jr/Agência Brasil
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