Mercado de cartões de crédito cresce 30,9% entre 2019 e 2022

Mercado de cartões de crédito cresce 30,9% entre 2019 e 2022

O número de clientes que usam cartão de crédito cresceu 30,9% entre 2019 e 2022 no Brasil, segundo dados do Banco Central (BC). Em junho do ano passado, 84,7 milhões de usuários tinham saldo devedor referente a essa forma de pagamento. Em junho de 2019, eram 64,7 milhões.
O saldo devedor refere-se ao valor da compra, parcelada ou não, ainda não paga pelo cliente e sobre a qual incidem juros. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (29) pelo BC e fazem parte de um dos Relatório de Economia Bancáriaque será publicado na íntegra em 6 de junho.

Segundo o BC, há uma tendência de utilização de modalidades de cartão de crédito mais caras à medida que aumentam os títulos, que são o número de instituições emissoras de cartões em que o cliente possui saldo devedor.

“Em média, a partir de dois títulos, a participação das modalidades com características de crédito, sujeitas à cobrança de juros (como o crédito rotativo), e o percentual do limite utilizado”, explicou o BC. No total, 54% dos clientes tinham saldo devedor em apenas uma instituição; 25% em dois; e 20% em três ou mais.

“Quanto mais títulos, maior o limite e o saldo médio da dívida. Isso sinaliza, segundo o estudo, que os usuários que estão utilizando cartões de mais de uma instituição aumentam sua capacidade de gasto ao aumentar os limites adicionais, aumentando, em média, o saldo devedor consolidado”, acrescentou o BC.

inclusão bancária

O aumento dos números pode ser explicado pela entrada de novas instituições no mercado nos últimos anos, principalmente no segmento de cartões pós-pagos, o que fez com que uma parcela significativa da população brasileira passasse a ter acesso a um ou mais cartões de crédito. As instituições de pagamento e bancos digitais aumentaram sua base de usuários em 27,6 milhões de pessoas físicas no período analisado.

Ainda de acordo com o documento, em junho de 2022, o número de cartões de crédito (190,8 milhões) representava quase o dobro da população economicamente ativa do Brasil (107,4 milhões), segundo dados de 2021 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do estatísticas do Sistema de Pagamentos Brasileiro.

Para o BC, a expansão do mercado de cartões de crédito é positiva do ponto de vista da inclusão financeira, mas tem potencial para aumentar o nível de endividamento das famílias. “Quando o cliente deixa de pagar o valor integral da fatura do cartão, o valor não pago se torna uma espécie de empréstimo, chamado de rotativo do cartão de crédito. Essa é uma das operações de crédito com maior inadimplência e custo do mercado”, diz o documento.

Outro destaque é o percentual de utilização do crédito rotativo e rotativo não migrado (valor que permanece no sistema de crédito rotativo por mais de 30 dias, prazo máximo previsto, após a fatura não ter sido paga integralmente no vencimento), entre 17% e 20%, independentemente do número de títulos dos usuários, e a baixa migração do crédito rotativo, inferior a 5%.

limite de uso

Quanto à utilização do limite do cartão, os dados revelam que quanto maior o número de títulos, menor o percentual de usuários que comprometem praticamente todo o limite de crédito.

“A constatação sugere que há uma margem maior para gastos devido aos limites oferecidos pelos cartões adicionais. Além disso, o estudo observou um aumento nos percentuais médios de consumo do limite à medida que o usuário adiciona novos títulos, sinalizando maior propensão a consumir para quem passa a usar mais cartões”, diz o BC.

As instituições financeiras digitais foram o grupo com maior crescimento no saldo devedor de seus clientes (292,3%), embora os grandes bancos públicos continuem concentrando a maior parcela do saldo devedor, R$ 57,7 milhões.

Em relação ao endividamento com características de operação com cartão de crédito, o maior percentual (entre 39% e 57%, dependendo do número de vínculos) é de bancos vinculados a empresas do setor varejista que emitem cartões vinculados a suas redes de lojas. Segundo o BC, os dados vão ao encontro do perfil de atuação desse grupo, “que tem como prática comum a realização de empréstimos pessoais com pagamento das parcelas na fatura do cartão”.

“No lado oposto, está o segmento de bancos cooperativos e cooperativas singulares, com percentual de utilização de cartões em modalidades sujeitas a juros bem mais baixos do que os demais grupos”, acrescentou a agência.

Foto de © Arquivo Agência Brasil
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