Meta de inflação passa a ser contínua a partir de 2025, decide CMN
A partir de 2025, o regime de metas para a inflação mudará, com horizonte mais longo, anunciaram nesta quinta-feira (29), em Brasília, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento, Simone Tebet. O regime de metas contínuas foi aprovado por unanimidade pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na reunião de hoje.
A agência manteve as metas para 2024 e 2025 em 3%, com a mesma margem de tolerância. O CMN também divulgou a meta de inflação para 2026, que será de 3%, com margem de tolerância de mais ou menos 1,5 ponto percentual. A diferença é que, a partir de 2025, a verificação do cumprimento da meta passará a demorar mais de um ano.
Para este ano, a meta foi mantida em 3,25%, também com tolerância de 1,5 ponto percentual. O regime de metas de inflação existe desde 1999, com o CMN aprovando, a cada ano, metas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os anos seguintes.
Segundo Haddad, os detalhes ainda serão definidos em decreto a ser editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele, porém, acrescentou que, na prática, o novo sistema verificará o cumprimento da meta em 24 meses, dentro do horizonte definido pelo Banco Central.
Maioria dos votos
Formado pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad; Planejamento, Simone Tebet; e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o CMN se reúne mensalmente. As decisões são geralmente consensuais, mas em caso de desacordo, são decididas por maioria de votos.
Segundo Haddad, a meta de inflação contínua só valerá a partir de 2025 porque será quando termina o mandato do presidente do BC, Roberto Campos Neto. Para o ministro, o novo modelo é importante para o país porque permitirá uma convergência mais rápida das políticas monetária (definição dos juros) e fiscal (controle dos gastos públicos).
“Por tudo o que está acontecendo, a partir de agosto estamos em condições de ter um corte consistente dos juros. Os indicadores estão mostrando convergência. Temos motivos para nos preocupar com a desaceleração (da economia). Queremos garantir à sociedade um 2024 melhor do que 2023. Praticar juros em torno de 9% ao ano é algo que deve ser revisto pela sociedade, à luz dos indicadores”, declarou Haddad.