Ministra defende liberação de recursos do FAT para alunos do ensino médio
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, defendeu nesta quinta-feira (25), no Rio de Janeiro, a destinação de parte dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para bolsas destinadas a alunos de baixa renda do ensino médio.
A medida igualaria oportunidades para jovens de baixa renda com famílias de renda mais alta. “A bolsa daria equidade à juventude”, afirmou, ao final do seminário “Perspectivas para o Futuro do Trabalho”, na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), em comemoração ao Dia da Indústria, comemorado hoje .
O ministro disse estar disposto a fazer um debate interno no governo e com a sociedade sobre o tema, e considera um “erro” o FAT para financiar a previdência.
“O FAT tem que ser destinado à proteção dos trabalhadores, seguro-desemprego, qualificação, treinamento e educação dos jovens”, afirmou. Ele acredita que pode haver uma solução para reduzir a evasão escolar e elevar o nível de conhecimento de toda a sociedade, visando o desenvolvimento tecnológico.
Luiz Marinho esclareceu que o Brasil tem o desafio de melhorar o ensino médio, introduzindo também o ensino profissionalizante. A ideia é universalizar a educação em tempo integral, introduzindo a formação “de verdade” no ensino médio.
“Que os jovens saiam do ensino médio preparados para o mercado de trabalho”, opinou. Para reter o aluno, para que não deixe de concluir o ensino médio, ele receberá uma bolsa com recursos do FAT e do Ministério da Educação (MEC).
O ministro do Trabalho e Emprego reconheceu que não seria possível implementar a medida de uma só vez, mas gradualmente. “Acho que é um debate que temos que olhar para o futuro e não apenas para o curto prazo. Acho que o Brasil deve isso à nossa juventude”.
Ele também mencionou que, para melhorar a escolaridade, não precisa ser o padrão da Coreia do Sul, mas dos institutos federais de ensino.
“Temos experiência no Brasil. Os jovens que têm a oportunidade de ir para o instituto federal são indicados para o mercado de trabalho, pois concluem o ensino médio. Esse é o padrão que temos que implantar em todo o ensino médio brasileiro”, garantiu.
acordos coletivos
Luiz Marinho também defendeu a negociação coletiva no mercado de trabalho brasileiro. Ele destacou que a última reforma instituiu o mecanismo de negociação individual.
“Valorizava mais a negociação individual do que o contrato coletivo. Isso é um equívoco da legislação e um ponto que o grupo tripartite tem que visitar para trazer uma solução e valorizar a negociação coletiva”, frisou.
Para isso, afirmou que é preciso haver sindicatos representativos. “Tem que valorizar a presença dos sindicatos, a condição financeira deles para atuar e representar. Isso vale tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores”, ponderou.
Sobre os trabalhadores de aplicativo, o ministro considerou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou emprego a motorista de aplicativo, determinando que o caso seja analisado pela Justiça Comum e não pela Justiça. do trabalho.
“Eu acho que é um grande erro. Se sim, mande fechar a Justiça do Trabalho”, disse ela. Na avaliação do ministro, o Ministério Público entrará com recurso. “Vamos conversar com o ministro (Moraes) para sensibilizá-lo, porque acho que não é a decisão mais adequada”. Ele considerou que Alexandre de Moraes tem sensibilidade e a decisão pode ser revista. “É um processo em debate”, assegurou.
Regulamento
As negociações dos trabalhadores de aplicativos constituem um processo que o Ministério do Trabalho está discutindo com trabalhadores e empregadores para construir um mecanismo regulador.
“Temos que regulamentar esse processo. Regular do ponto de vista do enquadramento económico. Qual é a atividade econômica dessas empresas, porque tem empresas que dizem estar no sistema financeiro, tecnologia, até mesmo locadora de veículos. O Brasil tem que encaixá-los em uma única atividade econômica e, a partir daí, ver qual é a forma de trabalho. É possível pensar, como costumo chamar, em uma cesta de possibilidades, onde o trabalhador pode ter opção, negociando com a empresa. Se trabalha em regime de exclusividade, tem vínculo; se trabalha ocasionalmente, pode ser classificado como autônomo”, indicou.
“O que precisa ser garantido é a proteção social acima de tudo. Hoje, esses trabalhadores não têm proteção social. Isso tem que ser garantido. É preciso olhar para a valorização do trabalho, como ter um processo de transparência por parte das plataformas, estabelecendo qual é a base da remuneração, o mínimo. Uma corrida não pode ser propriedade da plataforma em cerca de 60%, como se diz ser o caso. Você tem que ser transparente sobre isso. Um trabalhador não pode sofrer uma punição e não saber qual é essa punição. E, ao dialogar, ele não está dialogando com uma pessoa, mas com uma máquina. Tem que ter uma pessoa do outro lado para dar uma explicação, para dar um conforto, uma justificativa”, apontou o ministro.
Para ele, a situação é bastante nebulosa em relação a essas relações e a regulamentação tem que trazer uma solução para isso. Afirmou que têm havido reuniões de auscultação separadas com aplicadores e empresas e, a 5 de Junho, será lançado o grupo de trabalho conjunto, de onde será retirado um calendário de debates.
“Esperamos chegar a uma construção conjunta para submeter ao Congresso Nacional”, antecipou. Estima-se que os aplicadores cheguem a dois milhões de pessoas no país, mas o ministro assegurou que, “independentemente do número, é preciso tratá-los com cuidado”.
FGTS
Com relação ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), o ministro reiterou a decisão de “salvar” o Fundo de Garantia porque, “no nível em que estamos, estamos destruindo o fundo em dois aspectos: um fundo que protege o trabalhador no infortúnio do desemprego e um fundo de investimento, habitação e saneamento que, na outra ponta, gera oportunidades de trabalho”.
Assegurou que o sistema financeiro está a criar uma ilusão e uma armadilha para este trabalhador que antecipa o seu fundo e, quando é despedido, “como já aconteceu a muita gente, dá-se conta de que não gastou numa função tão nobre do seu ponto de vista. vista, como seria a proteção no infortúnio do desemprego”.
O ministro acrescentou que “estamos fragilizando o FGTS nesses dois aspectos”. Para salvar o FGTS, ele reiterou que o que foi feito no governo anterior precisa ser revisto. Ele expressou confiança de que tal revisão poderia ser feita ainda este ano.