Ministros do G7 discutem risco de inadimplência dos EUA
Os representantes financeiros do G7 discutiram pela primeira vez a “alta importância” de aumentar o limite da dívida dos EUA e evitar as repercussões negativas de um possível calote da dívida do governo dos EUA no mundo. A discussão ocorre em meio à dificuldade da Casa Branca e do Congresso americano em chegar a um acordo sobre a elevação do teto da dívida, que já é de US$ 31,4 trilhões.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, reiterou que o fracasso do Congresso dos EUA em aumentar o limite da dívida resultará em uma catástrofe econômica e financeira.
Acontece nesta sexta-feira (12), em Niigata, no Japão, a reunião dos ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais do G7, grupo das sete maiores economias do mundo, formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá. O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, participou do evento como convidado, além de representantes de outros países emergentes como Indonésia e Índia.
Para o presidente do Banco Mundial, David Malpass, o risco de inadimplência dos EUA se soma aos problemas enfrentados pela desaceleração econômica global, com o aumento das taxas de juros e altos níveis de endividamento já sufocando os investimentos necessários para alimentar uma atividade produtiva mais elevada.
Em entrevista à Reuters, Malpass disse que houve discussões durante as reuniões do G7 sobre a necessidade de aumentar a produtividade e o crescimento, e também lidar com o alto endividamento de um número crescente de países. Segundo ele, o crescimento global deve cair abaixo de 2% em 2023 e pode permanecer baixo por vários anos.
Um dos grandes desafios, para Malpass, é que as economias avançadas se endividaram tanto que exigirão muito capital para atendê-las, deixando muito pouco investimento para os países em desenvolvimento.
“E isso significa um período prolongado de crescimento lento. É uma grande preocupação, especialmente para as pessoas nos países mais pobres”, disse ele. “O mundo está em um ponto de estresse, mas acho que os sistemas financeiros estão aguentando. A grande questão é o crescimento, como obter mais crescimento e produtividade”, acrescentou.
Para o presidente do Banco Mundial, é urgente avançar na reestruturação da dívida dos países incapazes de pagá-la, de modo a não impedir a atração de investimentos.
o ministro Fernando Haddad disse, ontem (11), no Japão, após reunião com a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, que os Estados Unidos já passaram por situações de alto endividamento e se recuperaram. Segundo ele, isso não é uma preocupação para o Brasil. “Os Estados Unidos são a maior economia do mundo e a questão da dívida será devidamente tratada”, destacou.
agenda bilateral
Além das sessões do G7, Haddad conversou com o economista Joseph Stiglitz sobre política industrial verde. Ele também se reuniu com o ministro das Finanças da Índia, Nirmala Sitharama. “Conversamos sobre a troca de bastão do G20: no ano que vem, o Brasil assumirá a presidência do bloco, hoje ocupado pela Índia. O Brasil voltou”, escreveu Haddad em publicação nas redes sociais.
Ele também se reuniu com o ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, e com a diretora-executiva do FMI, Kristalina Georgieva.
A reunião dos representantes financeiros antecede a Cúpula do G7, que será realizada em Hiroshima, nos dias 20 e 21 de maio. Na ocasião, acontecem as reuniões de alto nível do grupo, com a participação dos presidentes dos países. A convite do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o President Luiz Inácio Lula da Silva will also visit Japan participar do segmento de engajamento externo da reunião.
*Com informações da Reuters