Mistura de biodiesel ao diesel passa a ser de 12% a partir de abril

Mistura de biodiesel ao diesel passa a ser de 12% a partir de abril

O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou resolução estabelecendo a obrigatoriedade da mistura de biodiesel ao óleo diesel fóssil em 12%, a partir de abril, e aumentando progressivamente até 15% até 2026. O percentual é de 10%. A decisão foi tomada em reunião do CNPE, nesta sexta-feira (17), com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a medida, a previsão é que haja um aumento de 2 centavos no preço do diesel na bomba para o consumidor. “Fizemos estudos técnicos aprofundados para evitar que tivesse um impacto econômico muito grave no preço do diesel e, com isso, chegamos à conclusão de que o número mais consistente (é de 12%), que praticamente não tem impacto , 1 centavo para cada 1% de aumento na composição (do biodiesel)”, explicou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista após o encontro.

A mistura de biodiesel ao diesel, assim como a mistura de etanol à gasolina, foi instituída com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes nocivos ao meio ambiente e à saúde da população. Em março de 2021, o CNPE autorizou a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a elevar o percentual para 13%, mas a medida foi revista pelo governo de Jair Bolsonaro na tentativa de conter o aumento dos preços dos combustíveis.

Com a decisão de hoje, a adição de biodiesel passará para 12% a partir de abril deste ano, 13% em abril de 2024, 14% em abril de 2025 e 15% em abril de 2026. “Sem prejuízo do CNPE, a qualquer momento, conseguir revisitar esses números”, explica Alexandre Silveira.

Segundo o ministro, a decisão visa equilibrar diversos aspectos, como questões ambientais, produtivas e sociais. Enquanto a indústria do biodiesel e os ambientalistas esperavam um aumento mais rápido desse percentual, a medida pesa muito no bolso do consumidor e é criticada pelo setor de transportes, que aponta a falta de qualidade do biocombustível para misturas acima de 10%, o que causaria problemas mecânicos. nos veículos, como a formação de borra nos motores.

Silveira explicou que a indústria automotiva está pacificada em todo o mundo de que aumentar o biodiesel em até 15% não prejudica o funcionamento de motores e equipamentos com esse teor de mistura. “Estamos desenvolvendo estudos para poder dar mais segurança no aumento do biodiesel, levando em consideração o equilíbrio técnico, comercial, mas, fundamentalmente, social, que é o grande espectro do governo do presidente Lula, combatendo a desigualdade no país”, disse o ministro. .

selo social

A medida atende às diretrizes da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio). Em vigor desde 2017, a política trata da expansão sustentável da produção e uso do biodiesel, visando o desenvolvimento regional, a inclusão social de pequenos produtores e a redução das emissões de gases de efeito estufa.

“Quando Lula, em seu primeiro mandato, criou o biodiesel (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel), tinha um aspecto social, com o objetivo de atingir as famílias de plantadores de pinhão-manso e mamona, no semi-árido e Norte e Nordeste, e isso se perdeu no meio do caminho”, disse Alexandre Silveira.

Segundo o ministro, hoje 86% do biodiesel consumido no país vem da soja ou de grandes produtores. Por isso, também foi aprovada nesta sexta-feira pelo CNPE a devolução de um selo social, conferido à indústria pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, que comprova a origem da matéria-prima utilizada na produção do biodiesel.

Silveira explicou que será obrigatória a compra de 20% da matéria-prima do semiárido, que inclui o norte de Minas Gerais, Norte e Nordeste do país. Segundo ele, isso acontecerá com base em um cronograma, para garantir que haja oferta de insumos para a indústria comprar neste mercado. “Ou seja, com o aumento da participação da agricultura familiar no projeto do biodiesel”, afirmou.

política de preços

O CNPE, presidido pelo Ministro de Minas e Energia, é órgão de assessoramento do Presidente da República para a formulação de políticas e diretrizes energéticas. O conselho é formado por 16 ministros de Estado, dois membros da academia e dois membros da sociedade civil.

Segundo Silveira, na próxima reunião, ainda sem data definida, o grupo deve começar a discutir a política de preços de combustíveis no Brasil.

“O governo vai buscar (a redução de preço) com muita determinação, parcimônia, equilíbrio, porque sabemos que temos que conciliar a própria natureza da Petrobras, que é uma empresa de capital aberto, listada em bolsa, mas sabemos que a Constituição e a Lei das Estatais prevê o papel social da Petrobrás e demais empresas de petróleo que exploram a costa brasileira. Então, com muito diálogo, tranquilidade, vamos realmente buscar priorizar o papel social dos combustíveis no Brasil”, afirmou.

Foto de © Marcelo Camargo/Agência Brasil
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