Novo executivo da Americanas pede atenção da empresa para evitar erros

Novo executivo da Americanas pede atenção da empresa para evitar erros
Novo executivo da Americanas pede atenção da empresa para evitar erros

Em audiência pública nesta terça-feira (28) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o novo CEO (diretor-executivo) da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, destacou que a varejista “não pode mais errar” se quiser sobreviver. Em janeiro deste ano, a empresa entrou em recuperação judicial após declarar incoerências fiscais de R$ 20 bilhões e dívidas da ordem de R$ 43 bilhões.
O caso levantou suspeitas de fraude e está sob investigação. “A Americanas, após a recuperação judicial, não pode mais errar”, disse Pereira.

Ao falar sobre o plano de recuperação judicial apresentado pela empresa, o executivo disse que tem possibilidade de superar a crise. Segundo Pereira, comparada a outros planos varejistas brasileiros, a Americanas é muito melhor, foi construída a várias mãos e já conseguiu juntar credores. “O que a Americanas propõe é reajustar esse ‘desequilíbrio’ ocorrido em suas demonstrações financeiras. O que se faz é equacionar o valor da dívida que a empresa tem condições de pagar, tendo em vista sua capacidade de geração de caixa”, explicou.

Pereira reforçou que há possibilidade de recuperação para a Americanas. “É um ativo resiliente, formado por 40 mil pessoas, que sofreu muito mau comportamento nos últimos 45 dias e continua gerando empregos e receitas”, disse aos senadores.

Ainda no Senado, o diretor-executivo da Americanas admitiu que a varejista não tem “mais capacidade de captar recursos por meio do sistema financeiro”. “Com esse aporte dos acionistas de referência (R$ 10 bilhões), temos uma estratégia para que a Americanas continue operando”, destacou. “Não tivemos demissões em massa, nem fechamento de lojas em massa. Estamos tentando encontrar maneiras de recuperar o valor desse ativo”, acrescentou.

Falta de Transparência

Também presente na audiência no Senado, o ex-presidente executivo da empresa, Sérgio Rial, disse que a gestão de Miguel Gutierrez criou dificuldades para a sucessão e a divulgação de informações sobre a real situação da empresa. Em meio a críticas a Gutierrez, que comandou a empresa por 20 anos e não atendeu ao convite dos senadores para prestar esclarecimentos, Rial falou sobre o curto período em que permaneceu como CEO e os motivos que o levaram a deixar o cargo.

Em janeiro, cerca de 10 dias após a posse, Rial renunciou ao cargo de CEO da Americanas. Ele disse que não houve transição de qualquer tipo. “Do dia 4 ao dia 11 não recebi nada em papel. Eu extraía, gota a gota, as informações dia após dia com o CFO. Não havia predisposição para explicar tudo o que acontecia e como acontecia, nada disso. O que eu sabia é que a empresa tinha muito mais dívidas bancárias do que havia relatado. E o que eu não sabia: como eles conseguiram fazer isso por tanto tempo e por quê?”, enfatizou.

Rial lembrou que teve 21 reuniões com Gutierrez nas quais manifestou preocupação com um possível duplo comando da empresa no período de transição. Nesse período, Rial disse ter visitado apenas um dos centros de distribuição da empresa e algumas lojas com o então presidente da empresa. “Nunca, nunca, para que eu pudesse entender prospectivamente o tamanho do desafio, principalmente financeiro, que estaria enfrentando”, relatou.

Segundo Rial, seu antecessor, Miguel Gutierrez, não queria que ele participasse da reunião de encerramento do ano da empresa. “As informações eram muito controladas por ele e sua diretoria”, disse Rial.

auditoria

Segundo o executivo, a auditoria da PricewaterhouseCoopers PwC “ficou surpresa, para não dizer chocada”, ao ser informada da existência de um gap contábil nas contas da varejista. Rial disse que a PwC foi informada sobre o assunto em 9 de janeiro, dois dias antes de o vazamento ser divulgado ao mercado. Mais cedo, o próprio comitê de auditoria da empresa mostrou surpresa, segundo reportagem da Rial.

O representante da PwC foi convidado a participar da audiência, mas não compareceu – as audiências públicas não têm o poder de convocar os participantes. Na abertura da audiência, o senador Otto Alencar (PSD-BA) disse que considerava a PwC responsável pelo colapso financeiro da Americanas.

CVM

A audiência pública também contou com a presença do presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento. “A CVM montou uma força-tarefa com várias superintendências para investigar esse episódio em cooperação com outros órgãos. A CVM está em constante diálogo com a AGU, a Procuradoria Geral da República, por meio da PRF-2”, disse Barroso.

Até ao momento foram instaurados 12 processos administrativos e dois inquéritos administrativos”, informou João Pedro Barroso do Nascimento, que considerou o caso “muito grave”.

Foto de © Lula Marques/ Agência Brasil
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