PIB da América Latina e Caribe deve crescer 1,4% este ano

PIB da América Latina e Caribe deve crescer 1,4% este ano

O Banco Mundial estima que a economia da América Latina e do Caribe crescerá 1,4% este ano, “a um ritmo menor do que o esperado e o mais baixo do mundo”. As razões para a piora das perspectivas na região são os preços mais baixos das commodities (commodities com cotação internacional), os juros mais altos nos países desenvolvidos e a recuperação instável da China.
Segundo a instituição, são esperadas taxas de 2,4% para 2024 e 2025, ainda consideradas muito baixas para “avanços significativos na redução da pobreza”. No entanto, o Banco Mundial avalia que as economias da região têm se mostrado “relativamente resilientes diante do aumento do estresse da dívida, da inflação e do aumento da incerteza global”.

As avaliações e previsões do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos) para a América Latina e Caribe estão no relatório O potencial de integração, oportunidades em uma economia global em mudançadivulgado nesta terça-feira (04) pela instituição financeira internacional.

Segundo o relatório, para impulsionar o crescimento, os países precisam preservar sua resiliência e aproveitar as oportunidades da indústria verde e as tendências da economia global para aproximar a cadeia produtiva dos mercados domésticos.

Em comunicado, o vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, Carlos Felipe Jaramillo, disse que a região se recuperou amplamente da crise pandêmica, mas infelizmente voltou aos baixos níveis de crescimento da década anterior. “Os países precisam urgentemente acelerar o crescimento inclusivo para que todos possam se beneficiar do desenvolvimento, e isso exigirá manter a estabilidade macroeconômica e aproveitar as oportunidades que a integração comercial oferece hoje”, destacou.

Segundo o economista-chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial, William Maloney, a região latino-americana continua sendo uma das menos integradas, enquanto a abertura comercial e os fluxos de investimento estrangeiro direto estagnaram ou diminuíram nos últimos 20 anos. . “Alavancar a extraordinária vantagem comparativa da região na produção de energia sustentável, commodities necessárias para indústrias verdes emergentes e o capital natural único da região oferece uma nova fonte potencial de crescimento, mas exigirá políticas para facilitar o acesso a mercados, capital e tecnologia. global”, avaliou.

O relatório sugere uma série de políticas públicas para promover a integração regional. No longo prazo, essas políticas devem envolver a redução de riscos sistêmicos, aumentar os investimentos em infraestrutura tradicional e digital e melhorar o capital humano. No curto prazo, as sugestões são preservar a estabilidade geral, promovendo avanços regulatórios aduaneiros e de transportes, e modernizar as agências de promoção de exportações e investimentos.

Inflação

O Banco Mundial avalia que, depois de recuperada da pandemia, a região administrou “com relativo sucesso” as múltiplas crises provocadas pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e as incertezas da economia global. Segundo o relatório, tanto a pobreza quanto o emprego voltaram aos níveis pré-pandêmicos, enquanto a inflação média, com exceção da Argentina e da Venezuela, deve cair para 5% em 2023, após atingir 7,9% em 2022, abaixo da Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), 9,4%, e Leste Europeu, 18,8%, embora acima da inflação do Leste Asiático (4,7%).

Para o Brasil, segundo William Maloney, a queda nas expectativas de inflação deve levar a uma redução nas taxas de juros. Em março, apesar da desaceleração econômica, o Banco Central do Brasil não alterou taxas de juros. As expectativas do mercado em torno do novo quadro fiscal do governo também deve impactar as próximas decisões do órgão sobre a taxa Selic (juros básicos da economia).

Em relatório divulgado em janeiro, o Banco Mundial previu crescimento de 0,8% para o PIB brasileiro neste ano e de 2% em 2024 e 2015.

Segundo a instituição, o “relativo sucesso” da América Latina e do Caribe na recuperação da pandemia reflete essa “resposta precoce e agressiva das autoridades regionais, que levou a quedas da inflação em vários países”. “As autoridades do Chile e do Brasil anunciaram uma pausa em novos aumentos. Na maioria dos países da América Latina e Caribe, as expectativas inflacionárias permanecem ancoradas e as metas dos bancos centrais devem ser alcançadas em 2024”, diz o documento.

No entanto, em média, o desequilíbrio fiscal continua alto e estima-se que os níveis de dívida atinjam 64,7% do PIB este ano, ligeiramente abaixo dos 66,3% em 2022. “Além disso, as recentes falências de bancos nos EUA e na Europa trazem mais incertezas. Ainda veremos as consequências sobre o sistema bancário e o fluxo de capitais na América Latina”, avalia o Banco Mundial.

Foto de © Marcello Casal JrAgência Brasil
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