Piso da enfermagem: em Brasília, gestores de todo o Brasil pressionam parlamentares por fonte de financiamento
Em linha com a CNM, a substituição do piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras acarretará um impacto de R$ 10,5 bilhões “extra” nos cofres municipais. A PEC 25/2022 está enquadrada na Estrutura da Câmara e Taxa de Justiça (CCJ), e a moção dos prefeitos pretende sensibilizar os parlamentares para levar a proposta à Câmara.
Paulo Ziulkoski, presidente da entidade municipalista, criticou a instituição de pisos salariais para classes sem aporte de recursos para custear os reajustes que estão sendo traçados. Segundo ele, os salões da metrópole não têm condições de arcar com os valores. Ziulkoski disse ainda que o crédito adicional de R$ 7,3 bilhões autorizado pelo Congresso para custear parte do piso é insuficiente e não pode servir de base para que o Supremo Tribunal Federal (STF) casse a liminar que suspende a cobrança de taxa de os reajustes (saiba mais abaixo).
“O ministro Barroso suspendeu a legislação (do piso salarial) até ter dinheiro para pagar. Só de agosto do ano passado até agora, com essa liminar, foram R$ 8 bilhões de economia financeira para os municípios. Agora a liminar foi fixada para votação no Supremo. O governo federal informou que tem caixa para pagar o terreno, então o Supremo pode retirar a liminar. Que bárbaro ouvir isso. Que atração? Sinto muito, um pouco de quantidade, porcaria que não paga nem metade do restante do ano. Se a liminar for revogada e entrar em vigor, no dia seguinte todos têm que pagar a terra”.
Posteriormente, Ziulkoski levou esse e outros apelos dos gestores ao prefeito Arthur Lira (PP-AL). O consultor da CNM mencionou que Lira prometeu debater uma resposta para o financiamento do piso salarial com os líderes do partido.
Ao Brasil 61, o senador Efraim Filho (PB), chefe do partido União no Senado, disse que é necessário aprovar uma oferta permanente de financiamento para o piso da enfermagem. Na linha do parlamentar, medidas traçadas na esfera federal estão estrangulando as contas dos municípios.
“De nada adianta se tratar de professores, corretores de saúde de bairro, enfermagem – que é verdade – sem transferência de renda, porque acaba sendo que os municípios devem transferir de onde já estão apertados para ter a capacidade de cumprir essas novas obrigações. Os municípios estão preparados e prontos para obter novas obrigações. Agora, deixe que venham acompanhados de novos rendimentos, caso contrário a conta não fecha”.
Em aceno aos gestores presentes na ocasião, o deputado federal Domingos Sávio (PL-MG) mencionou que vai pleitear junto ao presidente da CCJ a votação imediata da PEC 25/2022. “Na verdade, houve um erro ao votar a dificuldade da enfermagem sem que ela estivesse muito claramente ligada à dificuldade de renda. Queremos um ângulo de gol. Isso pode ser uma perda que os municípios tiveram. Correm o risco de chegar ao topo deste ano com a corda no pescoço e nunca pagar o décimo terceiro”.
Gerentes temerosos
George Duarte, prefeito de Santa Maria da Boa Vista, cidade localizada no interior de São Francisco em Pernambuco, diz que as prefeituras não são contra reajustes para enfermeiros e outros profissionais de saúde, mas sem definir a oferta de financiamento e a mudança para a taxa municipal é inatingível.
“Com o aumento proposto pelo governo federal, devemos contribuir com R$ 320 mil por trinta dias e coube ao governo federal oferecer essa compensação. Mas de acordo com a portaria, receberemos apenas R$ 38.000. um ano Nosso déficit provavelmente será de praticamente dois milhões de reais. Como vamos pagar isso?”, questionou.
Segundo o supervisor, se o impasse não for resolvido, há a ameaça de que parte das empresas oferecidas a cerca de 42 mil habitantes provavelmente seja interrompida. “Se agora tivermos que pagar o terreno, vamos demitir os empreiteiros e tentar diminuir o número de ligações. Não queremos colocar nenhum trabalhador para trabalhar sem ter dinheiro para conseguir. Porém para isso agora temos que ter a ajuda monetária”.
Nilton Debastiani, prefeito de Sarandi (RS), estima que os cofres locais vão precisar de cerca de R$ 100 mil mensais para pagar o salário mínimo, mas ainda não conseguiu recursos com a pontuação de crédito adicional autorizada pelo Congresso Nacional.
“É uma preocupação minha e de todos os municípios, porque ainda há uma questão pendente no STF. As autarquias já estão com problemas monetários monumentais e não podemos fazer face aos custos extra que depois teremos dificuldade em cumprir”.
Artur Manoel Nogueira, prefeito de Promissão (SP), defendeu a aprovação da PEC 25/2022 para estabilidade dos cofres municipais. “Esse 1,5% vai contribuir bastante e também vai dar um respiro ao município nesse desafio de pagar o piso nacional da enfermagem”.
Perceber
Em agosto, o ex-presidente Jair Bolsonaro sancionou a Portaria 14.434/2022, que estabeleceu o salário mínimo nacional para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras. Pela norma, enfermeiros da administração pública ou pessoal devem obter, no mínimo, R$ 4.750. Já para técnicos de enfermagem, R$ 3.325, enquanto auxiliares de enfermagem e parteiras, mínimo de R$ 2.375.
A legislação despertou preocupação nos gestores estaduais e municipais por não apontar de onde viriam os bens para custear o fundo das aulas. No mês seguinte à aprovação da medida, a Confederação Nacional da Saúde, Hospitais, Instituições e Prestadores de Serviços – CNSaúde – com o apoio da CNM – entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade da legislação. O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, atendeu ao pedido e suspendeu o piso salarial da enfermagem.
O impasse sobre o fornecimento de recursos para as reformas ganhou um novo capítulo em abril deste ano, quando, a pedido do governo, o Congresso Nacional autorizou um crédito especial de R$ 7,3 bilhões nas finanças federais para a taxa do salário mínimo. De acordo com o cálculo dos municípios, a medida é inadequada porque os municípios devem pagar R$ 3,2 bilhões em 2023, porque o impacto total estimado é de R$ 10,5 bilhões, sem prever como o terreno será financiado a partir de 2024.
Após a aprovação da pontuação de crédito particular, o plenário do STF retomou o julgamento da ação movida pelo CNSaúde. O relator, Luís Roberto Barroso, revogou parcialmente a suspensão do pleito. O ministro, no entanto, determinou que os valores deveriam ser pagos por estados, municípios e municípios somente até o limite de R$ 7,3 bilhões proposto pela União. A CNM considera que a medida é construtiva para os corredores da metrópole.
Segundo ministro a votar, Edson Fachin discordou do relator e votou pela integralização do piso salarial na hora. Em seguida, o ministro Gilmar Mendes solicitou pareceres. Devido a este fato, o julgamento é interrompido.
Na ocasião, o auditório formado por gestores autorizou por unanimidade a ideia de os municípios não pagarem os R$ 3,2 bilhões restantes para pagar os reajustes até que haja uma decisão final para interromper o impasse, seja pelo STF ou pelo Congresso Nacional .
Com informações de Brasil 61