Presidente do Instituto Mises Brasil diz que revisar autonomia do Banco Central é uma “decisão muito ruim”
O economista diz que reduzir as taxas de juros e não usar um embasamento técnico pode ser bom para o sistema financeiro no curto prazo, mas pode ter resultados adversos mais cedo ou mais tarde. “Isso pode ser muito prejudicial, porque independentemente do progresso preliminar que essa taxa de desconto de juros causa, que é insustentável e gera inflação e recessão depois de algum tempo.”
Helio Beltrão lembra de diferentes momentos em que esse impacto pode ser percebido. “Caso você reduza as taxas de juros artificialmente, isso gera inicialmente uma animação financeira, que não tem sustentabilidade. Vai gerar inflação e depois recessão. Foi o que ocorreu entre 2010 e 2015, quando Tombini (ex-presidente do Bacen) – muito pressionado pela (ex-presidente) Dilma – baixou a Selic de 14% para 7%, e induziu aquele prazer depois de pagarmos a fatura com o pior recessão da história do Brasil.”
O presidente da Câmara Parlamentar pelo Brasil Agressivo, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), concorda com a avaliação do economista sobre os perigos de submeter a cobertura financeira da nação ao governo federal da segunda.
“A autonomia da Instituição Financeira Central está na nossa convicção de que ela oferece estabilidade no enfrentamento da dificuldade financeira. Unifica, posteriormente, referências que podem transcender governos. Pense se nós, a cada mudança de autoridade, modificássemos o presidente do Banco Central, como se ele fosse um ministro do governo. Como se fosse alguém que poderia muito bem ser demitido no dia seguinte. Esses mandatos não coincidentes foram desenhados com o objetivo de caracterizar adequadamente a autonomia e oferecer esse intervalo de transição”, acredita.
O que está por trás da polêmica?
O presidente Lula e membros do governo federal criticaram a autonomia do Banco Central e do presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Em evento múltiplo, o Chefe do Governo ficou insatisfeito com a resolução do Bacen de manter a taxa Selic em 13,75%. Lula ainda sinalizou que poderá avaliar a autonomia do Banco Central após o fim do mandato de Campos Neto, em 2024.
O especialista em administração e melhoria privada e não privada, administrador e economista Eduardo Fayet explica como a taxa de juros impacta o exercício financeiro do país, o que ajuda a elucidar a campanha de advertising and marketing do governo federal para o outono da taxa Selic. Fayet explica que quando o valor dos serviços e produtos começa a subir devido ao excesso de demanda dos habitantes e à incapacidade das empresas em atendê-la, a saída é desestimular o consumo.
“Se o interesse for muito alto, o valor last dos produtos e serviços se torna muito caro. Eles começam a reduzir o consumo para economizar, porque esse gasto não corresponde aos fundos das famílias e à receita geral das próprias empresas. Por conta disso, vai gerar uma desaceleração do sistema financeiro”.
O economista defende a revisão das taxas de juros para baixo para que o sistema financeiro volte a se aquecer, mas diz que isso não pode ser feito de qualquer maneira. “Não é um cálculo fácil. O Banco Central não pode fazer um desconto repentino nas taxas de juros, porque isso afeta a previsibilidade, é perigoso para o mercado monetário e também para indústrias e comerciantes do sistema financeiro actual. Vários economistas têm feito um cálculo de que a taxa Selic pode muito bem estar entre 8% e 9%, mesmo com a inflação que temos agora enquanto falamos”.
Em resposta à economista Débora Bizarria, a independência do Bacen deve ser preservada, justamente porque dificulta a interferência política na definição das taxas de juros, que devem ser pautadas por resolução técnica. “A permanência da autonomia do Banco Central significa que o Brasil está avançando no encantamento dos estabelecimentos, erradicando ou, pelo menos, blindando esses estabelecimentos da ingerência político-partidária”, diz ela.
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Com informações de Brasil 61