Produção agrícola de R$ 1,249 trilhão pode ser a maior do agronegócio brasileiro

A previsão é de que o setor injete R$ 1,249 trilhão em 2023 no sistema financeiro brasileiro – o Valor Bruto da Indústria Agrícola (VBP) é o melhor em 34 anos. Informações do Ministério da Agricultura e Pecuária estimam que, com uma safra brilhante, as lavouras devem crescer 8,9% em quantidade, chegando a R$ 888 bilhões. A pecuária, porém, por conta da queda no custo do gado, pode ter o terceiro ano consecutivo de falta de receita. O resultado monetário ao longo do portão pode ser de R$ 362 bilhões, queda de 3,4% na comparação com 2022.

O VBP, calculado principalmente com base nos dados das safras de fevereiro, é organizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar de atingir um nível recorde, as receitas de 2023 previstas para este mês ainda são menores do que as projetadas em fevereiro.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) reajustou para baixo a produção de alguns aparelhos importantes para a safra deste ano. Uma delas foi a soja, cuja produção foi impactada pela estiagem no Rio Grande do Sul, e a produção foi revisada para 151,4 milhões de toneladas. A estimativa anterior era de 152,9 milhões. Com isso, o Ministério revisou para baixo a previsão de receita dos produtores de oleaginosas para R$ 387 bilhões, abaixo dos R$ 401 bilhões previstos no mês passado.

Mesmo assim, o movimento monetário dos sojicultores com o faturamento deste ano será 14% superior ao de 2022. De acordo com o ministério, os custos atuais da soja são menores do que os de um ano atrás, mas a quantidade produzida compensa esse derrubar. José Garcia Gasques, responsável pelas informações apuradas pelo Mapa, diz que dois fatores são determinantes para o VBP deste ano. Um deles são os custos, que, independentemente do desconto em alguns casos, ainda estão acima da média histórica. Gasques também destaca o aumento da produtividade média, de cerca de 10% neste ano, o que, mesmo com desconto de espaço, garante uma boa produção.

Custos acima do típico de anos anteriores e expectativas de uma excelente safra em 2023 trazem contribuições construtivas para um amplo grupo de culturas, com destaque para laranja, cana-de-açúcar, milho e soja. No caso do café expresso, algodão e trigo, os hábitos de custos e os graus de fabricação alcançados reduziram as receitas desse importante grupo de mercadorias. Os resultados positivos, principalmente da soja e do milho, contribuíram para características não apenas nos principais estados produtores como os do Centro-Oeste e do Sul, mas também em vários estados do Nordeste e do Norte que também se beneficiam de bons períodos úmidos.

O desconto das áreas plantadas e as estiagens promoveram ajustes vitais na classificação do VBP. Entre os vários estados, Mato Grosso continua sendo o líder, seguido por Paraná e São Paulo. No Rio Grande do Sul, devido aos impactos de resultados climáticos locais antagônicos na área, perdeu energia e está em quinto lugar no ranking nacional. Os gaúchos perderam o chão em importantes culturas, como soja, milho e arroz. A soja e o milho ainda são mais apreciados pelos produtores do estado, mas o clima não colaborou com a produção.

O arroz, por sua vez, perde espaço para diferentes culturas. Se as previsões de dados para este ano forem confirmadas, a produção de cereais seria a menor dos últimos 25 anos. O estado do Rio Grande do Sul é o principal produtor nacional. A queda nos custos de fabricação e a manutenção em R$ 85 a saca fizeram com que o arroz perdesse seu lugar no ranking de importância nacional, obtendo receitas menores até do que a mandioca.

A agroindústria brasileira mudou-se em breve para o Centro-Oeste, região que deve acumular R$ 387 bilhões em faturamento neste ano. Em seguida vêm a região Sul, com R$ 331 bilhões, e a Sudeste, com R$ 298 bilhões. Milho e soja caracterizam 62% do VBP das lavouras, e têm papel decisivo nestes resultados. Se for adicionada a cana-de-açúcar, a participação das três sobe para 73%.

As estimativas de ganhos de safra são baseadas principalmente em uma colheita de relatório de 310 milhões de toneladas. Esse quantitativo, porém, deve sofrer ajustes importantes, decorrentes principalmente dos efeitos climáticos. A definição dos custos internos, que servem de premissa para a formação do VBP, também depende dos custos externos.

Valor do gado

Na pecuária, bovinos e galos representavam 68% da receita total do setor. A retração nesses dois segmentos impacta todo o setor neste ano. A pecuária, que passa o terceiro ano com taxas de crescimento desfavoráveis, continua passando por mudanças devido à pandemia de Covid-19 e ao desconto nas despesas domésticas. De acordo com o Mapa, essas podem ser as explicações para o desconto no VBP da carne bovina e do frango, principalmente.

O consultor técnico de marketing da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Amado Oliveira, aponta os componentes que o preço de fabricação tem assustado o pecuarista. “O preço de fabricação em dezembro de 2022 estava muito acima do valor bruto de fabricação. Então isso pode ser um desconforto muito grande. Agora tentamos por meio de pesquisas sugerir algumas opções alternativas ao governo federal, porém são muito difíceis”. O consultor de marketing da Acrimat destacou ainda que o pecuarista espera que a situação melhore, principalmente quando a China voltar a comprar carne brasileira.

Mato Grosso é destaque na produção agrícola. No estado, a agropecuária tem participação relativa no PIB. Amado Oliveira, explica os componentes que levam o estado a enfrentar a situação nacional da pecuária brasileira. “Mato Grosso, pelas suas características geográficas, já é um estado ideal. Em 2022, tínhamos um PIB bruto de manufatura (GVP) de cerca de R$ 202 bilhões de reais e, para este ano, planejamos R$ 216 bilhões. Na verdade, os componentes nativos nos levam a ter uma escala maior do que os diferentes estados”.

O que é VBP?

O VBP apresenta a evolução da eficiência das lavouras e da pecuária ao longo do ano e corresponde à receita bruta de toda a instituição. O VBP é calculado com base principalmente na fabricação da safra agrícola e pecuária, e nos custos obtidos pelos produtores das áreas primárias do país, das 26 maiores mercadorias agrícolas do Brasil. O valor real da produção, descontado da inflação, é obtido pelo Índice de Valor Normal – Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Base Getúlio Vargas. A periodicidade é mês a mês.