Produção industrial está 18,5% abaixo do nível recorde de maio de 2011
A produção industrial do país segue em patamar semelhante ao de janeiro de 2009 e está 18,5% abaixo do patamar registrado em maio de 2011, quando teve ponto histórico com alta de 1,4%, maior patamar desde o início da série histórica que começou em 1991.
Segundo o gerente da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, André Macedo, a queda de 0,6% em abril na produção industrial não é uma característica do mês. “Há uma perda de intensidade na produção industrial e a distância dos pontos altos dá um pouco dessa dimensão, do quanto o setor industrial precisa se recuperar para voltar aos patamares do passado”, afirmou, nesta sexta-feira (2), em entrevista coletiva sobre os resultados da pesquisa de abril.
Macedo lembrou que, desde janeiro de 2021, o setor industrial vem apresentando apenas prejuízo em relação ao patamar pré-pandemia, mesmo entrando em março de 2021 com saldo negativo e, posteriormente, mantendo-se negativo em relação ao patamar muito recente, que é o pré-pandemia, ou seja, fevereiro de 2020. “Isso dá um pouco do tamanho das perdas que o setor industrial vem enfrentando e do quanto ele tem que recuperar para superar esses patamares históricos da pesquisa”, apontou.
Perfil
O pesquisador chamou a atenção para o declínio generalizado das atividades em abril. “O resultado deste mês mostra essa característica de queda generalizada. São 16 atividades no campo negativo e, em termos de categorias econômicas, duas com queda na produção. Bens de capital e bens de consumo duráveis com quedas mais intensas e bens intermediários e bens de consumo semiduráveis e não duráveis, mostrando crescimento.”
Paralisações, concessão de férias aos trabalhadores do setor e paradas para manutenção contribuíram para os resultados em diversos segmentos industriais. “Isso está muito presente nos resultados e fica mais evidente no movimento de queda, principalmente na indústria automobilística”, acrescentou. A montadora ainda teve impacto com a dificuldade de acesso aos componentes eletrônicos.
“Esses fatores combinados, tanto do lado da oferta quanto do lado da demanda, ajudam a inibir a produção industrial”, afirmou.
Segundo o gestor, o perfil generalizado de perdas, observado desde outubro do ano passado no campo negativo, acende um sinal de alerta, pois a maioria dos segmentos industriais está no campo negativo e tem características reforçadas por aspectos conjunturais, com taxas de juros mais altas, crédito mais caro, dificuldade de acesso ao crédito, maior inadimplência, maior endividamento das famílias e dificuldade de acesso às matérias-primas.
“São fatores que estão presentes em nossa situação e muito justificam esse movimento de redução da produção industrial que observamos há algum tempo”, concluiu.
A desaceleração do ritmo da inflação, segundo o pesquisador, fica dentro do nosso processo de análise técnica para a pesquisa, principalmente na área de alimentação, porque pode ter algum tipo de influência na renda disponível das famílias. Porém, conforme explicou, o fator não está mais tão presente quanto no ano passado.
“Por isso, dizemos que faz parte dos fatores que nos ajudarão a entender o movimento da perda ao longo do tempo na produção industrial. Esse é um ponto menos atual do que era no passado, assim como há um certo grau de melhora no mercado de trabalho, mas há um grande contingente de trabalhadores fora dele. Algo como 9 milhões de pessoas.”